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sexta-feira, 25 de março de 2011

POR QUE HÁ VIOLÊNCIA ENTRE OS JOVENS?






            Sabemos por observação natural que, colocado alimento para qualquer animal que vive em grupo, todos avançam sobre a comida e muitos lutam para conseguir sua porção, chegando até a violência extrema para não morrer de fome. Os mais fracos acabam por sucumbir à força dos mais aptos.
            O exemplo é grosseiro, mas vale para a espécie humana. São muitos os casos vistos pela televisão em países pobres e até na distribuição de alimentos na região norte de nosso país. Os animais assim agem e o homem não é exceção em situações complexas e em especial nas crises. A violência pela conquista de sua ração é natural é aceita sem restrições.
            E o que tem isto a ver com a violência entre os jovens, em especial?
            A mídia espalha aos quatro ventos que o tênis é o sonho do jovem. Aliado ao tênis está a camisa de marca, a calça no modelo indicado, sem faltar a bebida, cujo copo não pode fugir das mãos e, para os casos mais sofisticados, o carrão para fazer bonito junto da turma e da “gata” pretendida.
Não tendo o carrão, no mínimo uma moto para não fazer feio. Não se despreza um fusca ou um corcel velho. Basta envenená-lo e baixar as rodas para imitar o carrão do bacana que serve de modelo. O som altíssimo dá o tempero em tudo isso. O fecho é o famigerado boné  aliado ao chiclete que mascam sem parar como se fosse  uma marca registrada.
            Distante esses pontos, nasce a ausência do sonho. Quem não sonha em ter, em ser, em conseguir, em alcançar está fadado a ter pesadelos fortes, a princípio,  e depois o mais grave: o delito.
            A grande e significativa maioria de nossos jovens está sem emprego e remotas são as chances de conseguí-lo. Jovens profissionais liberais como advogados, engenheiros, farmacêuticos, veterinários, psicólogos e tantos outros estão à beira do pânico por não terem onde trabalhar. O mercado de trabalho se fecha, dia-a-dia, conduzindo estes para um labirinto sem volta. Os menos aquinhoados com graus de estudos são empurrados para a delinqüência, para o tráfico, para a prostituição, também sem volta. O sonho acabando esgota  a esperança de vida.
            Na escola, em especial no nível médio, o antigo colegial, se constata isso com extrema incidência. Os estudantes não se interessam pelos conteúdos ministrados, pela aprendizagem, pela freqüência. Entendem que todo o esforço de nada valerá e se deixam levar pela perigosa correnteza que a todos arrasta e destrói.  Praticamente a grande maioria dos jovens manifesta estranha e até justificada apatia a tudo e a todos. Olham para pontos distantes.    Parecem voar rumo ao nada como pássaros assustados  que acabam por trombar com fios, janelas e paredes e no dia-a-dia a própria realidade.
            No nível fundamental grassa tristeza contagiante. Pais trabalham de madrugada à noite.  Filhos ficam sem adultos em casa. Não têm rumos seguros. Crescem como que plantas sem adubo e sol suficientes. É difícil manter o interesse de tais alunos em classe  com relação à disciplina. Rostinhos em formação já são deformados pela tristeza e olhar vazio, vendo tudo e não enxergando nada. Estas crianças como os adolescentes se constituem em presa fácil da droga, da bebida e da violência.
            É muito difícil ser jovem hoje. São muitas as provocações. Raros os que podem se imunizar contra o enorme número de facilidades. A família está cada vez mais isolada e distante entre seus membros. Os aproveitadores estão em constante vigília e um passo em falso pode significar um sonho sem volta. A criança e o adolescente são as grandes metas dos traficantes e dos vendedores de ilusões.
            Por conseqüência, corroídos estes dois importantes elos de nossa sociedade, a fase adulta corre perigo e tudo pode caminhar para o caos que já enfrentamos e que a cada dia se torna mais forte e mais poderoso.

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