Os domínios de
Getúlio Vargas sobre o Brasil em 1.932 eram insuportáveis, em especial para os
paulistas. São Paulo, a grande locomotiva brasileira, era castigada sob pesados
encargos e humilhações da ditadura central. O responsável nomeado pelo governo
de São Paulo era o paulista Pedro de
Toledo, nascido em 29 de junho de 1.860. Advogado, exerceu o cargo de Deputado
Estadual, Ministro da Agricultura e embaixador. Tinha 72 anos quando foi
convocado pelas forças paulistas para representar São Paulo. Era interventor
federal, uma espécie de governador nomeado.
Em 23 de maio
de 1.932 o movimento paulista deu um basta às pressões do Governo Central e deu
início a um movimento em favor de uma nova constituição. São Paulo, sempre
buscando pautar a sua ação pelas normas igualitárias do direito e necessitando
paz efetiva para continuar seu trabalho fartamente produtivo, dava um basta ao
poder discricionário getulista. O povo de São Paulo não aceitava mais o
arbítrio central. Buscava-se apenas um
condutor e este era Pedro de Toledo.
As mortes e o
povo nas ruas foram os rastilhos do movimento pró São Paulo e por São Paulo
independente. O Ministro da Justiça, Osvaldo Aranha interviu violentamente
contra São Paulo a mando de Getúlio. O povo nas ruas aclamou o Ministério
Paulista chefiado por Pedro de Toledo, apesar das restrições deste, e tendo
como ministros os seguintes cidadãos: Justiça- Waldemar Martins Ferreira;
Agricultura- Francisco da Cunha Junqueira; Educação – Francisco Rodrigues Alves
Sobrinho; Viação- Fonseca Telles; Fazenda- Paulo de Moraes Barros e Prefeitura
Godofredo da Silva Teles.
Em represália
ao movimento paulista confrontos entre as forças de Vargas e o Comando Paulista
resultaram, no anoitecer de 23 de maio, na morte de Mario Martins de Almeida,
Euclydes Bueno Miragaia, Drausio Marcondes de Souza e Antonio Américo de
Camargo De seus nomes surgiu a sigla M.M.D.C. que passou a representar o
retrato do brio e da dignidade paulista.
Morreu também, pouco tempo depois, Orlando de Oliveira Alvarenga, ferido com o
grupo.
Estava
declarada a Revolução Paulista de 1.932. O Governo Central se preparou para a
luta e no dia 09 de julho de 1.932 o
Movimento Revolucionário Paulista se consolidou. São Paulo tinha sua própria
república.
O movimento se
arrastou até 30 de setembro de 1.932 quando São Paulo foi vencido pelas tropas
federais. Foram banidos os revolucionários e São Paulo foi controlado por
Getúlio e suas forças leais. O grito paulista, porém, não foi em vão. Os demais
estados brasileiros se reuniram de forma coesa e Getúlio teve de outorgar a
Constituição de 1.934. A força política paulista esteve na Assembléia e em 16
de julho de 1.934 foi assinada a nova Constituição dos Estados Unidos do
Brasil.
Muitos
paulistas e não paulistas perderam a vida neste confronto. Cândido Mota Filho, voluntário
constitucionalista, diz assim do
movimento: “ Em 32 fomos para a guerra. Éramos um homem só. Cortaram a nossa
carne, dilaceraram o nosso coração, sangrando-o. Fomos dignos de nós mesmos,
salvando a dignidade da nossa terra. Fomos dignos de nossa terra, reafirmando a
têmpera de nossa gente. Nossos mortos de 32 garantiram a eternidade, a honra e
a glória do povo de São Paulo. ”
Em Tanabi,
tivemos a morte de Antonio Amaro, como voluntário, português, nascido em
Castelo Velho,Portugal, em 24 de abril de 1891 e nacionalizado brasileiro, que
tinha pequeno comércio e atuava junto do poder público municipal. Não se
satisfazendo de atuar apenas como voluntário ingressou na tropa e partiu para
Porto Tabuado, sob o comando do Capitão José Teixeira Pinto. Em 12 de agosto,
na frente de batalha, foi atingido por saraivada de balas morrendo próximo ao
córrego do Jacú Queimado.Tinha 41 anos. Seu corpo, juntamente com outros
mortos, foi jogado no rio Paraná. O antigo ‘campo de aviação’ de Tanabi era o
ponto mais avançado na região frente às tropas de Minas Gerais. Aqui se formou
um grupo de resistência com muitos voluntários, homens e mulheres e criado o
MMDC de Tanabi, que foi presidido pelo senhor Sebastião Almeida Oliveira.
Vencido, São
Paulo teve suas armas baixadas, mas, em 1934, a nova Constituição foi assinada
e parte do ideal paulista foi atendido, não sendo em vão todo o esforço e as
mortes registradas. Na Bandeira Paulista estão gravadas 4 estrelas, em cor
dourada,representando os quatro jovens mortos. O Mapa do Brasil em azul
representando a aspiração de paz. O vermelho é o sangue derramado pela causa
comum e as listras brancas, a esperança e o desejo de paz, e as pretas, o luto
por nossos mortos.
A bandeira de
treze listas continua erguida, altiva e majestosa, porque encerra as páginas
brilhantes de uma raça de titans, que prefere a morte a viver como escravos e ao arrepio da lei.
Salve nossos
constitucionalistas de 32. Que não
ignoremos os sacrifícios feitos
ontem e que nos propiciam hoje
o desfrutar dos bens comuns da paz, da
fraternidade e da esperança em nosso pais e nossas leis.
Pro São Paulo fiant eximia!. Por São Paulo se fizeram(
e se faz) grandes coisas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário