Neste ano de 2019 comemoramos 87 anos do movimento paulista pela legalidade e contra os desmandos do governo Vargas.
Em 9 de julho de 1932 aconteceu a eclosão de um movimento militar e popular que foi denominado “Revolução Constitucionalista” ou “Guerra Paulista”. No dia 23 de maio de 1932 o povo foi às ruas conclamado por alguns militares e chefiados por Pedro de Toledo, então governador nomeado, contra a ditadura de Getúlio Vargas. O povo se reuniu nos jardins do Palácio dos Campos Elyseos. A luta se prolongou até 4 de outubro de 1932. Foram 87 dias de incansável busca da legalidade envolvendo cerca de 200.000 voluntários, sendo certo que 60.000 foram para o ‘front’. Há registros de 934 mortos, mas informam os historiadores que o número foi bem maior. O conflito envolveu os estados de Minas Gerais, o Rio Grande do Sul, o sul de Mato Grosso e São Paulo.
No dia 23 de maio morreram em emboscada os jovens Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo que se tornaram mártires da revolução formando a sigla. Dias depois morre o quinto jovem, Orlando de Oliveira Alvarenga. Mesclava-se com o movimento a ideia do separativismo defendido por Mario de Andrade, Guilherme de Almeida, Monteiro Lobato e outros, idéias que foram desmentidas pelos líderes do movimento. Os 4 jovens mártires estão lembrados na forma de estrelas na Bandeira Paulista, a decantada ‘Bandeira das treze listras’.
Mesmo com a derrota dos revoltosos, em 3 de maio de 1933 o caudilho, por força do clamor popular, convoca eleições e Assembléia Constitucionalista, sendo promulgada nova constituição em 16 de julho de 1934.
Em São Paulo, no parque do Ibirapuera existe o ‘Obelisco de São Paulo’, monumento funerário brasileiro, símbolo da revolução de 1932, iniciado em março de 1947 e concluído em 1970, projeto do escultor ítalo-brasileiro Galileo Ugo Emendabili. A execução foi de Ulrich Edler, inaugurado em 9 de julho de 1955. É todo em granito travertino e com 72 metros de altura. Em suas quatro faces tem gravado manifestações relativas ao movimento. Guilherme de Almeida escreveu: “Aos épicos de julho de 32, que, fiéis cumpridores da sagrada promessa feita a seus maiores – os que moveram as terras e as gentes por sua força e fé – na lei puseram sua força e em São Paulo sua Fé.”Na base está a frase: “Viveram pouco para morrer bem. Morreram jovens para viver sempre.” O gramado que circunda o obelisco tem 1932 metros quadrados e forma um coração onde está cravada a espada que sagrou a vitória política, apesar da derrota militar dos paulistas.
No obelisco estão os restos mortais dos jovens mortos no dia 23 de maio, além de outros 713 combatentes, bem como do escritor Guilherme de Almeida e Ibrahin de Almeida Nobre que são lembrados como o poeta de 32 e o tribuno de 32. No local também estão os restos mortais do agricultor Paulo Virgínio, da cidade de Cunha, que foi obrigado a abrir a própria sepultura antes de ser assassinado pelos opositores por ter negado a indicar o local onde estavam as tropas paulistas. Ao morrer teria gritado: “Morro, mas sou paulista e São Paulo vence”.
O livro “Cruzes Paulistas” da Empresa Graphica da Revista dos Tribunaes, de São Paulo, datado de 1936, relata a história do movimento e registra grande parte das fotos e biografias dos mortos. O lema básico foi: Os que tombaram, em 1932, pela glória de servir São Paulo. Foi lançado para auferir recursos para a construção do obelisco. O obelisco do Ibirapuera é a gravação no granito dos feitos pelos valorosos brasileiros paulistas na busca de um Brasil melhor para todos.
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