O ser humano é inteligente, capaz de imaginar coisas, máquinas, símbolos e transformar o mundo que o cerca e a si mesmo num emaranhado de coisas estranhas que causam estupefação no menos confuso, ou seja, o cidadão comum, uma vítima em potencial ou um beneficiário no final das contas. Uma ferramenta, por mais simples que seja, confere ao seu criador (e aos demais semelhantes) um poder maior do que ele naturalmente tem. Imagine um alicate. Quão poderosa fica uma mão acoplada a um alicate? Como fica poderosa a mão adaptada a uma chave de fenda, a uma pua, a uma serra de cortar ferro, a um machado, a uma faca? Que ferramenta fantástica é o parafuso, o prego?
Quanto auferimos com a geração da energia elétrica enlatada (a pilha)? O que representa para a humanidade a lâmpada? O que adveio com a criação do avião, do helicóptero? Desnecessário lembrar os benefícios que a humanidade recebe em razão das viagens espaciais, da tecnologia miniaturizada, da informática, do chip e seus descendentes.
Somos beneficiados com a capacidade cerebral humana, e a tudo isso chamamos de progresso. Mas, quanta bobagem se propaga pelo planeta com invenções e idéias estapafúrdias, sem nexo, sem uso, sem razão, sem finalidade nenhuma. Quanto tempo foi consumido no desenvolvimento de pesquisas que a nada levam, pelo contrário, demonstram que o cérebro humano também pode gerar o progresso na contra-mão, na marcha-a-ré.
A lista de invenções malucas é enorme. Destaco as mais comentadas: chaveiro detector de ovni’s ( e vende como pipoca), pantufas USB com aquecedor, conectadas na porta USB de seu computador; rebobinador de DVD, cadeira do papai com chuveiro inflável, roleta russa de dedos (os jogadores botam o dedo na máquina em buracos aleatórios e quem levar choque, perde o jogo), relógio de dias( marca que dia é da semana), impressora para torradas( imprime mensagens no pão das torradas para se ler durante o café da manhã) e a lista vai longe. Para premiar os melhores do mundo temos o Prêmio Nobel; para o inverso, temos, também em Harvard, o Prêmio Ignobel.
No Ignobel,destaques para pesquisas premiadas no cálculo da pressão que se acumula nos intestinos de pingüins antes de defecarem; da criação de testículos artificiais para cães castrados; montagem de tabela que reproduz os odores (gases,flatulência) produzidos por 131 espécies de sapos ,envolvendo cientistas canadenses, suíços, franceses e australianos; provas do ritmo a que um pedaço de alcatrão congelado se vai derretendo e escorrendo por um funil ( uma gota leva 9 anos para pingar); um despertador que foge quando toca( para que o despertado não o danifique) e segue por ai a fora.
Não bastasse isto, um cidadão que é astrofísico nos EEUU, Greg Laughlin, recentemente criou um sistema para colocar valor (preço) no planeta Terra e outros astros do universo. Diz ele que queria uma métrica mais precisa para avaliar se um planeta merece a nossa atenção (em termos econômicos). Diz, pelos seus ‘cálculos’ que o planeta Marte vale 14.000 dólares; Vênus cerca de a trilionésima parte de um centavo de dólar ( lá a temperatura é suficiente para derreter o chumbo) e que quanto mais antiga for a estrela que ilumina o planeta e quanto mais próximo da Terra, seu valor será muito maior. O exoplaneta Gilese 518 g, descoberto em 2010 e bem parecido com a Terra, valeria segundo ele 60.000 dólares, valores estes que são considerados com relação à idade da estrela que ilumina o planeta, a quantidade de luz que chega a ele, a temperatura da superfície e o tamanho do astro. Avalia ele que a Terra vale 5 quatrilhões de dólares. Ignobel nele!
Há quem conte o tempo nas mais variadas atividades humanas. Veja por exemplo: gastamos 6 dias de nossas vidas amarrando sapatos; 13 dias cortando as unhas; 38 dias esperando o sinal abrir; 69 dias esperando o sinal fechar; 76 dias fazendo a barba; 9 dias aquecendo o jantar; 3 dias fechando botões; 9 dias esperando a garagem abrir; 35 dias preparando café; 51 dias ligando o computador; 140 dias mastigando; 5 dias digitando senhas; 53 dias escovando os dentes; 177 dias tomando banho. Disto gastamos 11 anos em nossas obrigações domésticas; 13 anos com obrigações profissionais; 17 anos com lazer e 29 anos com funções vitais. Este cálculo foi baseado em uma vida durando 70 anos.
Apesar de tudo, estes ‘iluminados’ cidadãos construtores do mundo novo acabam por ter quem leia e discuta os resultados de suas pesquisas (?). Isto me assusta. Eu, inclusive, lendo e escrevendo sobre estes “importantes temas”. Imagine!
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