Muito se tem escrito e falado sobre educação e a grande maioria do que se pensa, diz e se escreve cai no esquecimento. A Constituição Federal de 1988 (Art. 205) determina que a educação é um direito de todos e dever do Estado e da família. Vai mais longe ao afirmar que é incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Pura balela como a grande maioria dos artigos da referida carta. Praticamente a Carta Maior é burlada quase que integralmente com maestria, por grande parte dos poderes e seus executores responsáveis, inclusive seus fiscais e defensores juramentados.
O Inciso VII do art. 206 determina: garantia de padrão de qualidade. Este o cerne da questão que se enfoca atual e de forma gravemente tardia. Os prejuízos causados pela inobservância deste mandamento são irrecuperáveis. As duas últimas gerações estão severamente comprometidas quanto à qualidade do ensino ministrada em nosso país.
As causas são várias e uma delas, e gravíssima, é a qualidade dos profissionais de ensino. Fugir desta constatação é demagogia. As ‘fábricas de diplomas’ estão a pleno vapor. Habilitações no ensino fundamental, médio, licenciaturas, bacharelados, especializações, mestrados e doutorados estão á venda em todo o país. Outra questão, severamente grave, é a educação familiar, base da educação e que não deixa de ser um dos tripés do processo educacional. A terceira é o uso incontrolado de drogas lícitas e ilícitas, onde o acabamento, o reboco e a pintura, são a ineficiência e a cegueira dos órgãos repressores.
O Art. 213 da Constituição Federal abriu portas e janelas para a exploração da educação por particulares e o sistema hoje está como que um organismo atacado por vírus e bactérias que destroem a educação e a torna fraca e decadente, gerando altos lucros e vantagens em um número crescente de exploradores.
A questão da rebeldia e da certeza da promoção automática são elementos figurativos, facilmente controláveis. A comunicação, falsamente propalada como moderna, está centrada em métodos impostos como o computador e a facilidade da obtenção de informações em larga escala via internet. Informação sem alicerce no uso é como sorvete sob o sol forte.
A qualidade do ensino é impressionantemente decrescente. A comunicação escrita está seriamente comprometida pelos processos criados pela Educação Nacional assemelhando-se a um laboratório que cria monstros e os impõe como métodos modernos e eficientes. As malditas apostilas e textos elaborados agilizam o processo de decadência. A interpretação de textos simples é assustadoramente ineficiente. O sistema de ensino está falido como um todo. Assemelha-se a um paciente terminal e seus defensores se movimentam para manter a UTI em ação, sabendo ser o caso insolúvel.
O processo educativo se faz, apenas, pelos olhos e pelos ouvidos (ou pelo tato, no Braile). Não se aprende levando livros em baixo dos braços. Não se aprende pelas axilas nem por nádegas amassadas nas cadeiras escolares. Um processo exige fases iniciais, decorrentes e finais. Nada se aprende por meios mágicos e mirabolantes. O tempo é a plataforma do conhecimento. Cultura é a somatória desta colheita que se desloca num tempo longo e que não pode ter interrupções. Não há cultura sem conhecimento; não há conhecimento sem educação; não há educação sem um projeto com raízes e alicerces bem elaborados. Recentemente os responsáveis pela educação nacional deram início a mais uma investida: será eliminada a reprovação na terceira série do ensino fundamental ( que já era coisa rara). Entendem ser um ponto negativo no processo educacional. (?)
O grande e insubstituível artífice deste processo é o professor bem preparado e comprometido com o processo educacional. Fora disso, é utopia total.
Educar é um processo e um processo educacional leva no mínimo vinte anos para se completar. Tem razão o professor Mozart Neves Ramos, presidente-executivo do projeto ‘Todos pela Educação’. Os últimos anos foram perdidos numa comprometedora degradação do conhecimento (previsto pelo educador Frota Pessoa há mais de 5 décadas) e sob uma falsa alegoria modernista e pseudo-inovadora. Não há como corrigir o que foi feito. Urge, entretanto, que não se continue como estamos numa rota de iminente colisão com o futuro. O choque é inevitável. As conseqüências já se mostram assustadoras.
O que a imprensa está propalando é apenas a ponta do iceberg. A situação está muito mais séria do que se divulga. Urge ação, e já, de todos e não apenas do governo.
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