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quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

MANIPULAÇÃO SEM FIM



            Houve um tempo (bons tempos) em que ouvir rádio era coisa de gente cheia da grana. O ‘Reporter Esso” era um alerta que reunia a vizinhada toda e ninguém piava.à espera da ‘noticia’. Ouvia-se a respiração ofegante de todos e até o rufar dos corações. Expectativa. Surpresa. Erom Domingues desfilava a noticia com sua voz magistral, parecendo que a desgraça ficava menor.
            O tempo escoou e veio a televisão. Minha professora dizia, no momento das informações gerais, que nos Estados Unidos tinha um aparelho em que ‘a gente‘ via o “speacher” falando numa tela arredondada. Com os respeitos devidos ouvíamos a informação, mas num descuido da professora, fazíamos o célebre sinal de “tá ficando lelé da cuca, coitada!
            Pois bem, a televisão veio e ficou, de preto e branco passou a cores, de tela simples passou para plana, para plasma e agora tem mais funções do que possamos imaginar. Chega a ser tão grande que precisa de uma estante própria para a rainha e a sala mal acomoda o aparelho, apesar de ter ficado fina como uma caixa de bombom. E olha que a dita cuja era pesada e mais difícil de carregar do que geladeira.
            Os canais são diversos, mas se o telespectador quiser ver coisa melhorzinha precisa assinar canal pago. Ai a coisa fica linda e recheada por vinte e quatro horas dos mais espetaculares programas e cores. Se não, tem de ficar preso a canal do boi, a pregação e milagres fantásticos (mais de 30 por cada horário), leilões de gado, canal do sexo,namoro explícito e implícito, jornal nacional, big brother, gugus, silvios, datenas, faustões e duplas sertanejas formadas por ‘universitários’ que não fizeram sequer o supletivo, cantando música raiz. Pergunta-se: raiz de quê ? De tiririca ou mandioca braba?
            Incrível a quantidade de pastores nos horários nobres e não nobres. São milagres a varejo e ao gosto de cada um. São dezenas de muletas e cadeiras de rodas jogadas fora (e recolhidas para o próximo programa). A escola de atores ‘curados’ deve ser melhor que as que formam atores para a televisão e teatro no Brasil. Está de volta a profissão de carpideira. E como choram, inclusive o pregador!
            Será isto produto do que os economistas e futurólogos chamam de progresso? Que idéia fazem os produtores televisivos do brasileiro que fica preso frente a uma TV? A mídia faz e desfaz nas eleições. Elege coloridos, condena antes do júri, fatura milhões com BBBs e outros bagulhos, e o público verte lágrimas diante das novelas previamente moldadas para dominar o sentimento nacional e, quando ‘eles’ querem, criam e destroem ídolos nos estádios, na política, formando(moldando) gerações na busca de camisetas de marca, tênis importados, músicas das mais estapafúrdias, elegendo  as drogas como prêmio aos mais habilidosos e espertos, direta e indiretamente. E com moderação.
            Prefiro a ‘era do rádio’, onde o povo ouvia o que era verdade e não era enganado da forma como está sendo, em todos os sentidos.
            Tanabi,fevereiro de 2010
    



Um comentário:

  1. A TV aberta é o termostato da cultura popular. Se ela é uma droga, a responsabilidade é de quem se senta na frente dela.
    Big-Brother, noticiários sensacionalistas, novelas de baixo nível e forte nível de apelação são programas criados pelo povo e para o povo.
    Quem se sente deslocado, que pague para ter tratamento diferenciado. O público parece muito satisfeito com o que temos no ar.

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