O Império Brasileiro se exauriu em 15 de novembro de 1889. A corrupção estava corroendo o sistema monárquico brasileiro, apesar de ser o Imperador D.Pedro II a grande reserva moral do Império. Sua saúde era inspiradora de cuidados especiais. Era geral o descontentamento dos grandes fazendeiros, em especial pela libertação dos escravos e estes eram os pilares de sustentação do II Império. Antigos escravos perambulavam pelas cidades e estradas causando enormes crises sociais e gerando expressiva pobreza. O exército já não obedecia totalmente às ordens do Imperador, enfraquecido com as ideias republicanas disseminadas pelos jovens que estudavam na Europa e pela proibição imperial proibindo manifestações por parte de membros do exército em favor da República. A imprensa motivava a classe média, os liberais, e a população mais esclarecida em favor da mudança do sistema de governo. A Igreja se mostrava hostil ao Império e sermões em favor da República eram repetidos nos púlpitos de várias cidades brasileiras, principalmente nos grandes centros urbanos.
Os setores mais progressistas desejavam mudanças radicais. Era grande o movimento contra o analfabetismo e em favor do voto censitário e da educação para todos. A população ansiava por Justiça Social. A miséria grassava de forma assustadora. A Guerra do Paraguai acelerou a crise econômica, em razão de vultosos empréstimos feitos junto a bancos ingleses aprofundando de forma drástica e perigosamente a dívida externa, já alta. O Positivismo, de Augusto Conte, surgido na França no século XIX ganhava, dia-a-dia, mais adeptos e nomes de peso entre os militares, estudantes, intelectuais, comerciantes, artistas, profissionais liberais e até membros do alto clero brasileiro e da política.
Rebelião entre vários setores do exército forçou o Imperador a demitir o Conselho de Ministros e seu presidente. Foi o estopim e o militar mais graduado do Rio de Janeiro, e mesmo contra sua vontade, Marechal Deodoro da Fonseca, assinou manifesto pelo fim do Império instituindo a República no Brasil. Era o dia 15 de novembro de 1889, quando o Império completava 67 anos no poder. Em dias de enorme tumulto social e político, no dia 18 de novembro a família imperial partiu para o exílio rumo à Europa. Por decreto elaborado pelo jurista Rui Barbosa, a partir de então, o Brasil seria governado por um presidente eleito pelo povo, e não mais um soberano vitalício.
Nasceu, entre muitas improvisações, a República, que durou de 1889 a 1894, com Deodoro exercendo o papel de Presidente num governo provisório e frágil. Por razões de saúde e muita intriga política, em 1891 foi forçado a renunciar ao cargo, assumindo o vice, Marechal Floriano Peixoto, que intensificou forte repressão contra os apoiadores da monarquia. Foi implacável contra os imperialistas, que eram muitos. Seguiu-se um período com mortes e perseguições que deram nome a seu governo de República da Espada. Também em 1891, é outorgada a primeira Constituição Brasileira, instituindo o voto universal para os cidadãos, ficando as mulheres, os analfabetos e os militares de baixa patente, fora do rol. A nascente República atendia plenamente aos interesses da elite agrária do país, forma de garantir o poder e a república. A nova bandeira brasileira foi oficializada no dia 19 de novembro de 1889 e hasteada ao meio dia pela primeira vez no país. O Brasão Imperial foi substituído pelo losango em cor ouro, o céu de 15 de novembro de 1889, onde cada estrela representava e representa um estado e a faixa “Ordem e Progresso”, firmada com base no Positivismo Brasileiro liderado então por Benjamim Constant. Desde o advento da República o país nunca mais teve paz política. A ‘Senhora República’ completa neste ano de 2021, exatamente cento e trinta e dois anos(132) e, não vai nada bem das pernas e nem o sistema político acha o caminho ideal, onde o fisiologismo dos poderes Legislativo e Judiciário tornam o sistema cada dia mais vulnerável.
Prof.Dr.Antonio Caprio –Tanabi.- Presidente do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico – IHGG e vice-presidente do Comdephact/Rio Preto.
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