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sexta-feira, 6 de agosto de 2021

O CULTO AOS ANTEPASSADOS

 



Fustel de Coulanges, escritor francês,  em seu livro Cidade Antiga, de 1864, trata de um conjunto de informações sobre a humanidade, seus costumes e tradições, mas Jorge Bahlis, em seu livro Religiões Ameríndias, do Rio Grande do Sul,  de 1937, remonta conhecimentos que, à semelhança de Coulanges, se aprofunda nas civilizações Maia, Asteca e Inca,  em termos de linha do tempo.

A América Central e do Sul, tem uma história interessante sobre o culto aos antepassados, mesclando-se, de forma interessante, no Brasil, em especial, que apresenta um conjunto enorme de raças e povos de todo o mundo. A América Pré-colombiana é riquíssima em religiões e cultos. O Totemismo é a crença na sobrevivência do espírito, são dois pilares destas culturas. O totemismo foi uma das primeiras manifestações religiosas do homem e que serviu de base a todos os povos do mundo, onde a distância não foi obstáculo. Morto o pai de uma família, acreditava-se que seu espírito continuava a proteger seus familiares, e em razão disto, era erguido um totem, uma forma de representação do falecido, símbolo esse venerado por todo seu clã. Assim foi com os chineses, os romanos, os gregos, os hindus, os egípcios, mexicanos, peruanos, sabinos, etruscos e praticamente todos os povos da antiguidade. Acreditavam que o sangue dos descendentes circulava, também, no totem. Hoje as imagens de santos têm o mesmo papel. O que intriga os historiadores é como que tais crenças correram o mundo antigo e alcançaram praticamente todo o globo, mesmo que o sistema de comunicação fosse o mais difícil e complicado possível.

Os sepultamentos dos mortos eram pomposos nas Américas. Toda a comunidade acompanhava o corpo e sobre a tumba eram colocados os elementos naturais, inclusive alimentos e utensílios, necessários à sua viagem ao céu ou seu campo sagrado.  Semelhante cortejo e demais homenagens eram praticadas pelos egípcios. Acreditavam que os mortos poderiam ficar magoados caso o ritual não fosse cumprido e poderiam castigar os parentes por esta desatenção. Os tupis-guaranis temiam a ira dos antepassados e jamais esqueciam deles em suas festas, orações e banquetes funerários( hoje finados). Da mesma forma, os falecidos agradeciam a memória a eles devotada. Os mortos exerciam, e ainda exercem, domínio especial sobre os parentes vivos. O piedoso culto com relação aos antepassados fez crescer o respeito e o carinho pelos pais, criando a arraigando o conceito de família.

Entre os chineses, ainda, o espírito dos antepassados representa a somatória das vontades, tradições, devoções de toda a linhagem, onde o tempo nada representa. Reservam, em suas residências, local especial para o culto ao antepassado, mantido vivo através de chama especial que nunca se apaga, sendo esta manutenção obrigação e responsabilidade dos familiares, seja em que grau for. Não tendo filhos, cabe a um membro da família, assumir tal responsabilidade. A chama sagrada apagada representa a morte do falecido de forma definitiva e isto poderá acarretar sérios problemas para toda a família.

Abril de 2021.  Prof. Dr. Antonio Caprio – Tanabi – sp.

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