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segunda-feira, 24 de outubro de 2022

A GRANDE BATALHA



Lá fora, nuvens e trovões povoam a escuridão da noite. No quarto, depois de um dia de estafante trabalho, na cama descanso. Sobre um pedestal, ao lado da cama, tremula a chama de uma vela sobre aparato de metal. Um corisco, avariando a rede elétrica, gerou escuridão. Silêncio absoluto. Escorrendo pelo telhado, ouço pingos d'água que parecem cantar. De quando em quando um trovão se faz ouvir dentro da noite. Aconchego-me sob as cobertas. Minha mente divaga. Meu olhar se volta para a chama dourada da vela que brilha.

Estranho, impressionante o que observo: A ponta dourada de fogo parece querer ferir a escuridão que toma conta do quarto. A pequena vela expulsa de sua volta o negrume da noite. Ilumina sofregamente o quarto sem forro e com piso de terra batida. O ápice do fogo é dourado. A chama, às vezes, se torna azulada. Nunca havia antes observado uma chama de luz desta forma. Ali, como uma espada, luta contra a inimiga da luz. Titubeia de quando em vez parecendo a cada instante mais cansada. Encurva-se como que querendo fugir. A escuridão avança sobre ela. A chama reage e volta à vida.

O material comburente da vela começa a acabar. O pavio, lenta e demoradamente tomba sobre a base do candelabro. As trevas ameaçadoras lançam-se sobre a vítima cansada. A luta é terrível. Impressionante. Um estrondo surdo e oco se faz ouvir. Volta a chover.

A pequenina chama, num último esforço, faz recuar a inimiga. Não tem mais energias. Tomba vencida. Devagar, a escuridão se apossa do campo de batalha. Escuro total. Minhas pálpebras, tal como a chama, cedem. Quase adormeço diante daquela cena. Sinto ainda a força da luta. Meus sentidos vagueiam. Cedo como o pavio da vela. Pingos d’água, cada vez mais fortes, tornam a chuva mais intensa parecendo aplaudir o final da luta. Um trovão forte ecoa lembrando o apito do árbitro declarando o final do embate. Meus olhos se fecham e sono profundo toma conta de mim fazendo nascer em meus lábios um tênue sorriso com a certeza de que amanhã, quando voltar o Sol, estará vingada minha pequena chama.

Prof. Dr. Antonio Caprio – Tanabi

Membro da Academia de Artes, Ciências e Letras do Brasil – ACILBRAS, sucursal de Votuporanga, cadeira 910 e Presidente do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico – IHGG – de S.J.R.Preto-sp