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quinta-feira, 26 de agosto de 2021

PENSANDO



Observava nossa Lua cheia refletindo a luz do Sol. 

Grandioso espetáculo. 

Milhares de anos nos observando. 

Suas manchas na superfície, diziam os mais antigos, eram a velha com feixe de galhos secos às costas. 

Ela viu o homem saindo das cavernas, curiosos. 

Pode observar as lutas, as guerras, mesmo sem entende-las.

Ela viu o poder passar de mão em mão e muitas mortes. 

Viu o progresso humano com o nascer da tecnologia. 

Lá, de seu espaço, viu foguetes arranhando a atmosfera da Terra. 

Viu naves singrando o espaço e fugindo do Sistema Solar. 

Apreciou o homem saindo de suas naves livres no espaço. 

Lá, sempre, presente em nossas noites e se escondendo nos dias. 

Que interessante se ela fosse uma escritora, uma repórter. 

Quantas coisas poderia nos ensinar, nos orientar, alertar. 

E nós, aqui em baixo, só podemos admirá-la, silenciosa. 

Ela caminha como que por encanto e eternamente nos ignora. 

Tanabi, agosto de 2021. 
Prof. Antonio Caprio.

quarta-feira, 25 de agosto de 2021

A VERDADE

 


A Verdade pode ser comparada à luz solar, fator indispensável, no planeta Terra, para que a vida seja possível. Uma nuvem, por mais simples que seja, pode interceptar a luz do Sol, o que vale dizer que a Verdade não é poderosa como deveria ser. Um dia alguém disse: “Ame a verdade e a verdade o libertará ”, mas, perguntado a Ele o que era a Verdade, Ele baixou os olhos para o chão e permaneceu calado. A Filosofia clama afirmando que ela, a Verdade, é  o princípio que dirige todos os atos humanos, sendo ela a raiz da própria vida, da família e de toda a comunidade humana.

É real que cada um tenha, implícito nas próprias entranhas, sua Verdade, a Verdade de cada um segundo seus conceitos religiosos, sociais, políticos, partidos ou seitas. A maior prova da liberdade é a prática da Verdade.

A Verdade é o objeto da lei, da qual é a essência. E o que é a Justiça? Dizem os dicionários que Justiça é a maneira de perceber, avaliar o que e justo, certo, de direito; reconhecimento do mérito de alguém ou algo. É nascida da interpretação de uma lei, de um processo, por outros seres humanos. Humanos.  Ser justo, no caso da Justiça, é coisa realmente difícil  de ser exercitada. Se houvesse, realmente, a Justiça como deveria ser, o planeta estaria num enorme oceano de felicidade, visto que a harmonia e o amor, se presentes no processo, fatalmente a verdade seria praticada. A raiz deste processo Verdade/Justiça consiste, também, na defesa  do atacado injustamente.

Auxilio mútuo é um dos pilares da Verdade/Justiça. A falta de justiça leva, fatalmente, toda a humanidade para um caminho belicoso, onde a vingança se torna comum e a cada momento mais conflitos são gerados na sociedade. Afirma-se que a balança usada na representação da Justiça é o peso do dinheiro, que move a balança para o lado da parte mais poderosa, em especial, em termos de dinheiro e em segundo plano, o poder. Resta neste rol de ações, a Justiça mal dirigida e, por conseguinte, com falsas verdades aflorando no processo conduzindo a decisões injustas e muitas vezes falsas ou mal administradas.  Erros judiciários são frequentes, como frequentes no processo todo, a ausência da verdade ou se, presente, distorcida.

E fica a eterna pergunta: O que é a verdade?

Antonio Caprio – Tanabi – agosto de 2021. 

LEMBRANÇA DA CHUVA.....

 


Saudades da chuva, mesmo respingos.

O som dos trovões ao longe.

O barulho do vento.

A expectativa.


Dentro da noite relâmpagos em passeios pelo céu.

Percebia pelas frestas da janela.

Às vezes por uma falha na energia.

Ela vinha  de mansinho. Quase sempre.


Escorriam, as antes gotas,  pelo telhado.

Pequena enxurrada caminhava pelo quintal.

De repente um estralo forte dentro  da noite.

As gotas se fortaleciam e ela se fazia presente.  


Embalado pelo vento e pela chuva, adormecia.

Que pena! 

Perdia o espetáculo.

Mas, chovia. 


Antonio Caprio .

Agosto de 2021.

A MORTE – UM SEGREDO DA VIDA

 


A morte é um fenômeno natural imposto pela própria estrutura da matéria, tanto orgânica como inorgânica. O átomo é a base da matéria, tanto vegetal como animal e também química. É um processo, ou seja, acompanha uma série de fases que visam devolver ao meio todo o material utilizado nas milhares de milhões  de combinações que um corpo registra desde sua formação até sua total ‘desmontagem’. A reciclagem não é coisa nova. Nasceu com a própria vida.

Morto o individuo, deixa ele de pertencer ao grupo dos vivos, mas continua a fazer parte do  grupo dos mortos, e nalgumas religiões e sociedades humanas, desde os tempos das cavernas, continua a fazer parte do aglomerado de seres, vivos e não vivos. Muitos passam a ocupar altares e espaços específicos e especiais no campo da religiosidade humana. Honrar um falecido é respeitá-lo e transformá-lo em um ser extraordinário e, agora não vivo fisicamente, se torna num vivo não material, mas tão forte quanto antes da morte ou ainda mais.

O falecido tinha de ser velado na casa onde viveu. Ali tinha seu corpo banhado, ungido com óleos especiais, vestido com trajes que lhe davam conduta de liderança na comunidade e, sepultado ou cremado, seus restos mortais guardados como relíquia em espaços especiais, dentro do antigo lar, agora seu espaço espiritual. Os ameríndios eram sepultados com suas joias e utensílios que, segundo acreditavam, lhes serviriam na nova vida que haveria de ocupar. Os egípcios são exemplos clássicos da metamorfose que seus reis, escribas e altas divindades sofriam. Muitas civilizações costumavam sacrificar pessoas, sempre do sexo feminino, ou alguém que se oferecesse para acompanhar o falecido pelos campos da eternidade, sempre do estreito círculo de amizades e dependência do falecido fim de que, na outra vida, não se sentisse só. Isto era, mesmo que parecendo um paradoxo, uma honra para o escolhido para o sacrifício.  Não eram raros os sacrifícios de animais e até pessoas em funerais no seio da sociedade Egípcia,  Inca, Maia e Asteca e até do Japão e China.  

O tempo passou, os protocolos fúnebres se modificaram e hoje os velórios residenciais já não ocupam espaços na sociedade e os públicos tomam o mesmo rumo, em especial diante da pandemia hoje registrada. Os cemitérios se tornaram campos de sepultamento obrigatórios, não sendo mais permitido que um corpo seja sepultado em quintais ou mesmo espaços particulares, chácaras ou fazendas. Já não se pratica a preservação de espaços especiais na antiga residência, existindo, ainda que em numero bastante pequeno, prática de celebração de missas e cerimônias especiais comemorativas do aniversário da morte de um parente. Nos grupos sociais antigos, era crença que, o indivíduo morto, poderia fazer o mal ou o bem para aos que ficaram e para que apenas o bem pudesse ser praticado, celebravam oferendas constantes e mandavam fincar, no centro da comunidade, um totem, para que o morto nunca fosse esquecido. Portanto, morrer nem sempre foi um fato a se lamentar. Ganhava-se um espírito para que a proteção da família fosse ampliada.

Prof. Antonio Caprio – Tanabi –ago/2021

A CRÍTICA

 

A comunhão do pensamento é uma verdade vital e tão antiga quanto o próprio homem.  O ser humano deve educar de forma conveniente seu caráter e só assim poderá expressar de forma construtiva sua energia mental. A comunhão de pensamento ensina que o homem é um centro individualizado de inteligência num complexo oceano de energia mental. Nosso cérebro é um superpotente ‘computador’, não apenas no que diz respeito ao uso da energia para governar todo o complexo orgânico composto de  trilhões de células, reunidas em tecidos, em órgãos e que ao mesmo tempo gera energia irradiante tornando o homem num ser único no planeta com tamanha potencialidade.

Um homem bem instrumentado com pensamentos positivos, segue uma corrente que se perde no tempo e que  diz: “Na proporção em que EU SOU, o que é meu me vem, pela lei da atração”.  Esta corrente nasce do cérebro e integra o ser pensante, ativando centros cerebrais que ainda carecem de estudos com um potencial elevadíssimo de energia desconhecida, mas concreta como o mais forte aço e que o homem comum chama de FÉ. Esta estranha força pode ser desenvolvida como faz o atleta no desenvolvimento de um músculo. A bipolaridade verbal ‘posso e quero’,  são os fios condutores da vontade que se torna real, absoluta e concreta. Nosso  cérebro é como uma bateria recarregável. Cabe ao ser humano fazer convergir para ele a corrente ideal, semelhante a uma corrente elétrica, e o cérebro será ativado tal e qual uma conexão computadorizada.

Da mesma forma como o cérebro poderá ser ‘ abastecido’ com energias positivas, internas e externas, pode também ocorrer o contrário através da antienergia chamada popularmente crítica que pode ter um potencial enorme de carga destrutiva.  Há quem entenda afirmar que a crítica pode ser negativa e ou positiva. Entendo o contrário. Jamais devemos nos expor ao polo negativo da crítica. É como uma granada com pino retirado.Dividi-la em dois polos, jamais. A crítica é sempre mordaz, mesmo camuflada. Assemelha-se a uma seta com ponta envenenada, com droga poderosa de efeito lento, mas progressivo. A falsidade é uma força física e mental que tem o poder de destruir muitas possibilidades de êxito do ser humano. Ela encobre a verdade, dissimula a Justiça, destrói riquezas físicas e culturais e emite fortíssimas correntes de energia negativa nos meios onde os indivíduos vivem, inclusive nos altos níveis políticos e sociais.

A imaginação não é fantasia. É a chave dos desejos e sonhos do homem e tudo o que o homem for capaz de pensar se tornará em algo real. Isto exige tempo e perseverança. A harmonia resulta do equilíbrio dos contrários.  A crítica é o antídoto do sucesso. Ela é como o ácido que corrói o frasco que o mantém.

Tanabi,agosto de 2021. Antonio Caprio

terça-feira, 17 de agosto de 2021

VITALISMO

 



Sempre defini vida como sendo “ o princípio que anima a matéria”. Os vitalistas defendem a tese de que os organismos vivos são, de forma fundamental, diferentes dos objetos inanimados. Já desde o século XVIII e ainda no início do século XIX, cientistas ‘esquentavam’ a cabeça para explicar o que é a vida. A Filosofia entrou, também, na discussão e Bergson (1859-1941)  era oposicionista do pensamento materialista e mecanicista. Entendia ele que existe na natureza  uma força vital em todos os processos vivos. O vitalismo encontra resistências desde o início do século XX, e a Ciência  refuta seus pilares enquadrando o assunto no campo da religião, mas encontra, ainda hoje, fortes correntes defensoras de suas teses.

Os vitalistas afirmam que a vida orgânica é uma manifestação do princípio espiritual superior, oriundo da contraparte não material do corpo físico dos seres orgânicos vivos, como escreveu Paulo de Castro em seu livro “O segredo das origens” (2010), p.85. O princípio da vida vitalista se alicerça na ‘energia vital’, ‘impulso vital’, e até o velho conceito de ‘alma’ ou ‘espírito’. O ser humano, como os demais seres vivos, são estruturados por dois princípios básicos: o energético e o material. A parte material extraímos do meio ambiente por meio de moléculas constituídas de átomos e da parte energética auferimos por intervenção da genética, das emoções, dos pensamentos, que sinteticamente podemos chamar de espírito, da alma, força vital, força cerebral irradiante, força psíquica, fogo vital, força psíquica e muitos outros adjetivos criados por ilustres nomes da ciência, no passado e no presente.


Sabemos, de há muito tempo, que a luz é uma espécie de matéria em estado especial e que a ‘solidificação’ da luz se converte em matéria. A Ciência ainda entende que um corpo físico ( seja de que estado for), não pode ultrapassar a velocidade da luz, já havendo experimentos que afirmam o contrário. As teorias do antiátomo e do antiuniverso estão ensaiando ocupar espaços nos campos mais variados dos estudos humanos de alta densidade. Lao Tse, ainda no século VII a.C inseriu no mundo filosófico a questão da dualidade da matéria – o Tao – onde as duas qualidades opostas e harmônicas  coexistem, se interpenetram. Pietro Ubaldi trabalhou na questão da lei dos binários e a dualidade da matéria é questão aberta, onde o vitalismo ocupa seus espaços e complica ainda mais o ‘ meio de campo’ no que diz respeito à vida.

O misticismo e a física admitem inúmeras dimensões para o universo resultando no pensamento do ‘universo paralelo’, onde frequências diferentes têm como ingredientes básicos a matéria, tão desconhecida, ainda hoje, como no tempo em que o homem começou a admitir sua existência. Garantem, os mais evoluídos, que somos seres tridimensionais vivendo numa moto-contínua chamada tempo-espaço sendo nosso corpo uma máquina 3D. Buscam comprovar que somos 99,998% de energia e 0,002% de matéria. Uma múmia egípcia pode servir como prova disso e o vitalismo se materializa de forma  clara neste processo todo. Os conceitos tempo-espaço são puramente mentais. A pergunta que estremece o mundo vitalimista e físico é: existem muitos mundos ou haverá um só? A Biologia molecular já trilhou e trilha por progressos notáveis contando com a engenharia genética de forma espetacular, mas  não explicam a vida, apenas e tão somente a definem  como um complexo químico que, estranhamente, se multiplica, mas não como realmente foi originada. A vida continua a ser a mais estranha de todas as manifestações que compõem o planeta Terra. O vitalismo, está, como sempre esteve, à espera de explicações que convençam e sejam comprovados. A vida é o grande mistério deste planeta e quiçá, do Universo.

Prof. Dr.  Antonio Caprio – Tanabi – agosto 2021. 

sábado, 7 de agosto de 2021

A GUERRA DOS DEUSES

 



É interessante como todos os povos do mundo antigo acreditavam na existência de deuses do bem e do mal. Já nos idos em que o homem habitava cavernas e nas matas do planeta, e observando a natureza, concluiu rapidamente que tudo dependia de uma ordem superior por ele desconhecida, tal como o trovão, o raio, a chuva, o vento e isto fez com que ele atribuísse a estes elementos um poder além do dele e que era incontrolável pela vontade do próprio homem. Era assim na Índia, na China, no Japão, no Egito, na Grécia, nas Américas, inclusive no período pré-colombiano, na Assíria, e isto para aleatoriamente abarcar todo o planeta. E buscando se inserir no meio ambiente, criou seus deuses, do bem e do mal, como uma forma segura de estar bem com eles e fazer deles seus sustentáculos num meio tão hostil como o que vivia.

Para agradar a seus deuses, imaginou oferendas para tornar seus deuses amigos e aplacar a ira dos maus. A princípio as oferendas eram produtos da própria natureza vegetal, depois passou a oferecer vidas animais e até o próprio ser humano. A Bíblia tem inúmeros exemplos destes sacrifícios. Os sacerdotes, que se diziam porta-vozes entre o homem e os deuses, galgaram posições invejáveis nos clãs, e tudo faziam para manter e aumentar seus poderes ditos sobrenaturais e assim galgaram posições sobre a vida e a morte. A princípio eram sacrificados os inimigos presos nas constantes guerras. Depois ampliaram o rol das oferendas chegando ao fanatismo que alcançou proporções incontroláveis. Os deuses bárbaros exigiam sangue, muito sangue. Incas, Maias e astecas são exemplos evidentes desta conduta. A barbárie chegou a tal ponto que as vítimas dos sacrifícios se sentiam premiadas por serem escolhidas para os sacrifícios, tudo em prol da tribo, melhores colheitas, mais caças, mais chuvas e menos desastres naturais. Escravos imploravam para serem sacrificados e com isto renascerem livres.

Os ameríndios, os egípcios, os gregos, os asiáticos, e vários povos do mundo, escolhiam um Deus acima de todos atribuindo a este a função de presidir e decidir sobre os destinos do clã e suas descendências. No mundo hebreu e no próprio Egito, Grécia e outros povos, o Deus principal comandava todos os demais deuses menores. A crença de um Deus único não é coisa nova no planeta e isto causou, em muitos momentos, grandes disputas, guerras e mortes por toda a superfície da Terra. Moisés desponta como instituidor destas guerras frente à nacionalidade judaica. Apresentou Jeová como sendo vingativo e ciumento. Transformou-o em Deus nacional onde o único povo que tinha o privilégio da salvação ( o céu) era o israelita. Todos os demais eram dignos de extermínio. A política e a religião tinham o mesmo significado e força. Roma não desejava confrontos religiosos, valendo-se disto para se perpetuar no poder com paz relativa, chegando a dominar grande parte do mundo antigo. O mesmo procedimento era praticado na Índia, onde o mestre Vivekananda, reverenciava todas as religiões, sustentáculos de seu poder.

Extrapolaram neste comportamento os europeus que, ao invés de catequisar os ameríndios, apelaram para a violência, impondo a fé cristã e obrigando os índios e negros a substituir os deuses deles pelos seus. Estudos deixam claro que o fanatismo e a cobiça geraram situações de vandalismo, de mortes e perseguições das mais odiosas formas. Quase sempre as expedições eram compostas de aventureiros, criminosos e degredados sem nenhum escrúpulo ou humanidade. Eram mercenários. Os próprios religiosos faziam vistas grossas a estes comportamentos, afastando-se de seus princípios de religiosidade. Insignificante o número de membros do Clero que eram pessoas virtuosas que se deslocaram para as novas terras para pregar o Evangelho. A esmagadora maioria não tinha espírito cristão. Ser cristão foi, e ainda é em alguma parte do mundo, muito perigoso.

Tanabi

Prof. Dr. Antonio Caprio.

sexta-feira, 6 de agosto de 2021

O HOMEM E SEUS DEUSES

 


A religião primitiva, segundo “O Livro de Urantia”,  teve uma origem biológica, um desenvolvimento evolucionário natural. Os animais a quem chamamos irracionais têm medos, mas não têm ilusões. O homem cria suas religiões primitivas dos próprios temores e por meio de suas ilusões. Era totalmente intelectual e baseada em circunstâncias de relacionamento. Com a evolução, a religião passou a ter fundamento espiritual. O lago, o mar, a chuva, os trovões, relâmpagos, vento, vulcões, fogos, calor, frio, fizeram nascer seus deuses. 

Houve época em que o homem adorou tudo sobre a face da Terra e, claro, a si próprio. Não entendendo os fenômenos naturais buscou aplacar a ira deles com oferendas, danças, imagens e escolheram entre os seus os que afirmavam ter contato direto com os deuses e sabia o que eles queriam. Surgiram os sacerdotes e as castas religiosas. A questão da origem do Homem previsto no “Gênesis” é  extraordinariamente fantástica, tal como o trabalho de Noé. A presença de parábolas bíblicas e nos evangelhos, Torá e outros livros ditos agrados é superinteressante.

Nos altares, pedras, chamas ardentes, imagens diversas. Nas montanhas, chegou-se às  ‘Tábuas de Moisés’ – os dez mandamentos. Fragmentos de meteoritos se tornaram em objetos sagrados, estrelas cadentes, os eclipses, em sinais interpretados pelos Xamãs a seu modo e interesse e o mundo vegetal ofereceu ao homem primitivo meios de comunicação segura com os deuses através de chás, infusões de folhas, talos, e ainda hoje estes elementos vegetais fazem do homem escravo e vítima sob  vários aspectos.

Os animais foram e ainda são venerados pelos homens e disto nasceram lendas interessantes com personagens em forma de sereias, botos, cobras, águias, além de lendas envolvendo dragões, centauros, minotauros, os cordeiros, os lobos, as pombas, sem deixar de lado uma gama de insetos, como o escaravelho egípcio.

O ambiente natural ofereceu ao homem meios de adoração, sob várias formas, como a correnteza de um rio que entendiam ser produto de espíritos. Um afogamento indicava que os espíritos haviam punido o afogado por alguma razão e o corpo era deixado apodrecer nas águas.  O Sol, a Lua, as estrelas fascinaram e fascinam os homens. O arco-íris lembra o pacto divino com o homem por um novo tempo e chamado de arco da promessa pelos cristãos. Os redemoinhos indicavam a presença um espírito irritado com os homens e crianças. Em meu tempo de infância, afirmavam que no centro deles estavam demônios perigosos.

O Granizo assustou e assusta ainda hoje os homens. Afirmavam no passado que algum deus estava irritado e atirava pedras sobre o local atingido pelo fenômeno exigindo algum tipo de reparação. A adoração pelo fogo é tão antiga quanto o homem. As chamas em altares, indicam a presença expressa do deus adorado, santos ou mesmo de Deus. O vapor produzido pelos  incensos usados indicam o retorno do homem às coisas de Deus ou dos deuses, como se fazia no Egito, Pérsia e outros povos antigos, e até hoje usado em igrejas de vários cultos. A adoração da Lua é mais antiga do que a do Sol. No Egito o Sol alcançou grau máximo de adoração.

O próprio homem adorou a si próprio, nas figuras de seus profetas, faraós, reis, imperadores, chefes tribais, elegendo como sagrados restos mortais de algum ser considerado como santo ou figura superior.  Várias religiões tiveram como fundamentos a transformação do homem mortal em imagem e semelhança de Deus. Alguns governantes atuaram de forma a que suas imagens fossem consideradas divinas e como tal reverenciadas.  Temer, esquivar-se, honrar e adorar se confundem, ainda nos tempos atuais.

Tanabi, agosto de 2020

Prof. Dr. Antonio Caprio –Tanabi

O CULTO AOS ANTEPASSADOS

 



Fustel de Coulanges, escritor francês,  em seu livro Cidade Antiga, de 1864, trata de um conjunto de informações sobre a humanidade, seus costumes e tradições, mas Jorge Bahlis, em seu livro Religiões Ameríndias, do Rio Grande do Sul,  de 1937, remonta conhecimentos que, à semelhança de Coulanges, se aprofunda nas civilizações Maia, Asteca e Inca,  em termos de linha do tempo.

A América Central e do Sul, tem uma história interessante sobre o culto aos antepassados, mesclando-se, de forma interessante, no Brasil, em especial, que apresenta um conjunto enorme de raças e povos de todo o mundo. A América Pré-colombiana é riquíssima em religiões e cultos. O Totemismo é a crença na sobrevivência do espírito, são dois pilares destas culturas. O totemismo foi uma das primeiras manifestações religiosas do homem e que serviu de base a todos os povos do mundo, onde a distância não foi obstáculo. Morto o pai de uma família, acreditava-se que seu espírito continuava a proteger seus familiares, e em razão disto, era erguido um totem, uma forma de representação do falecido, símbolo esse venerado por todo seu clã. Assim foi com os chineses, os romanos, os gregos, os hindus, os egípcios, mexicanos, peruanos, sabinos, etruscos e praticamente todos os povos da antiguidade. Acreditavam que o sangue dos descendentes circulava, também, no totem. Hoje as imagens de santos têm o mesmo papel. O que intriga os historiadores é como que tais crenças correram o mundo antigo e alcançaram praticamente todo o globo, mesmo que o sistema de comunicação fosse o mais difícil e complicado possível.

Os sepultamentos dos mortos eram pomposos nas Américas. Toda a comunidade acompanhava o corpo e sobre a tumba eram colocados os elementos naturais, inclusive alimentos e utensílios, necessários à sua viagem ao céu ou seu campo sagrado.  Semelhante cortejo e demais homenagens eram praticadas pelos egípcios. Acreditavam que os mortos poderiam ficar magoados caso o ritual não fosse cumprido e poderiam castigar os parentes por esta desatenção. Os tupis-guaranis temiam a ira dos antepassados e jamais esqueciam deles em suas festas, orações e banquetes funerários( hoje finados). Da mesma forma, os falecidos agradeciam a memória a eles devotada. Os mortos exerciam, e ainda exercem, domínio especial sobre os parentes vivos. O piedoso culto com relação aos antepassados fez crescer o respeito e o carinho pelos pais, criando a arraigando o conceito de família.

Entre os chineses, ainda, o espírito dos antepassados representa a somatória das vontades, tradições, devoções de toda a linhagem, onde o tempo nada representa. Reservam, em suas residências, local especial para o culto ao antepassado, mantido vivo através de chama especial que nunca se apaga, sendo esta manutenção obrigação e responsabilidade dos familiares, seja em que grau for. Não tendo filhos, cabe a um membro da família, assumir tal responsabilidade. A chama sagrada apagada representa a morte do falecido de forma definitiva e isto poderá acarretar sérios problemas para toda a família.

Abril de 2021.  Prof. Dr. Antonio Caprio – Tanabi – sp.

quarta-feira, 4 de agosto de 2021

A MORTE – UM SEGREDO DA VIDA



A morte é um fenômeno natural imposto pela própria estrutura da matéria, tanto orgânica como inorgânica. O átomo é a base da matéria, tanto vegetal como animal e também química. É um processo, ou seja, acompanha uma série de fases que visam devolver ao meio todo o material utilizado nas milhares de milhões  de combinações que um corpo registra desde sua formação até sua total ‘desmontagem’. A reciclagem não é coisa nova. Nasceu com a própria vida.

Morto o individuo, deixa ele de pertencer ao grupo dos vivos, mas continua a fazer parte do  grupo dos mortos, e nalgumas religiões e sociedades humanas, desde os tempos das cavernas, continua a fazer parte do aglomerado de seres, vivos e não vivos. Muitos passam a ocupar altares e espaços específicos e especiais no campo da religiosidade humana. Honrar um falecido é respeitá-lo e transformá-lo em um ser extraordinário e, agora não vivo fisicamente, se torna num vivo não material, mas tão forte quanto antes da morte ou ainda mais.

O falecido tinha de ser velado na casa onde viveu. Ali tinha seu corpo banhado, ungido com óleos especiais, vestido com trajes que lhe davam conduta de liderança na comunidade e, sepultado ou cremado, seus restos mortais guardados como relíquia em espaços especiais, dentro do antigo lar, agora seu espaço espiritual. Os ameríndios eram sepultados com suas joias e utensílios que, segundo acreditavam, lhes serviriam na nova vida que haveria de ocupar. Os egípcios são exemplos clássicos da metamorfose que seus reis, escribas e altas divindades sofriam. Muitas civilizações costumavam sacrificar pessoas, sempre do sexo feminino, ou alguém que se oferecesse para acompanhar o falecido pelos campos da eternidade, sempre do estreito círculo de amizades e dependência do falecido fim de que, na outra vida, não se sentisse só. Isto era, mesmo que parecendo um paradoxo, uma honra para o escolhido para o sacrifício.  Não eram raros os sacrifícios de animais e até pessoas em funerais no seio da sociedade Egípcia,  Inca, Maia e Asteca e até do Japão e China.  

O tempo passou, os protocolos fúnebres se modificaram e hoje os velórios residenciais já não ocupam espaços na sociedade e os públicos tomam o mesmo rumo, em especial diante da pandemia hoje registrada. Os cemitérios se tornaram campos de sepultamento obrigatórios, não sendo mais permitido que um corpo seja sepultado em quintais ou mesmo espaços particulares, chácaras ou fazendas. Já não se pratica a preservação de espaços especiais na antiga residência, existindo, ainda que em numero bastante pequeno, prática de celebração de missas e cerimônias especiais comemorativas do aniversário da morte de um parente. Nos grupos sociais antigos, era crença que, o indivíduo morto, poderia fazer o mal ou o bem para aos que ficaram e para que apenas o bem pudesse ser praticado, celebravam oferendas constantes e mandavam fincar, no centro da comunidade, um totem, para que o morto nunca fosse esquecido. Portanto, morrer nem sempre foi um fato a se lamentar. Ganhava-se um espírito para que a proteção da família fosse ampliada.

Prof. Antonio Caprio – Tanabi –ago/2021

terça-feira, 3 de agosto de 2021

O VELHO E O NOVO MUNDO



Galileu Di Vincenzon Bonaulti de Galilei( 1664-1642) com 65 anos de idade, foi denunciado em 1615, por um dito ‘ Santo Ofício’, por defender uma ideia de que o Sol é imóvel no ‘centro do mundo’,(Heliocentrismo)  e que a Terra, também no ‘centro do mundo’, esta sim, se movimenta numa rotação diária. Os senhores inquisidores da época se revoltaram porque entenderam que as ‘ escrituras’ estavam sendo desrespeitadas e que Copérnico (geocentrismo)  este sim, estava certo.

Diziam os grandes cardeais da suprema e universal Inquisição, que a imobilidade do Sol era uma verdadeira afronta, totalmente herética e expressamente contrária à Sagrada Escritura. O movimento de rotação da Terra era, na mesma linha, uma afronta, não só filosoficamente como impossível, pois quem fez o dia e a noite foi o Criador e o Sol e a Lua são meros marcadores do tempos, luzeiros naturais do mundo.

Os julgadores, plenipotenciários e representantes ‘diretos’ de Deus, tal como se autoproclamavam, com o sumo pontífice no alto do Clero, declararam Galilei um herege perigoso para os assuntos da fé. Eles próprios arrumaram um jeitinho de tentar fugir da responsabilidade, que gerava dúvida entre vários de seus membros, e complementaram a sentença afirmando que, “ serás absolvido, não no todo, mas em parte, se abjurares tua crença publicamente e abominares e rejeitares  tais absurdos que afrontam  a Igreja católica Apostólica Romana, a verdadeira entre todas as outras” Neste tempo o Brasil estava ‘descoberto’ há apenas 105 anos. Enfrentou duras situações e acabou sendo preso, em regime domiciliar, onde morreu só e isolado. Na hora da sentença consta que ele balbuciou “ que ela se move, se move” referindo-se à Terra(e pur si muove). Galileu criou dezenas de mecanismos explicando o mundo físico, desenvolvendo ideias que acabaram por mudar o mundo sob vários aspectos, interferindo, entre outras coisas, nas próprias viagens espaciais e astronomia moderna. Foi um homem além de seu tempo, um verdadeiro futurista. Galileu, Kepler e Newton são seres humanos que, de forma ímpar, colocaram o homem a caminho das estrelas e abrindo os picadões dos confins do Universo.


O mundo tem mudado muito desde a questão ‘Galileu’. No início do século XIII e até o século XVIII, pequenas e grandes invenções conduziram o universo humano para resultados admiráveis, como por exemplo, a criação  do papel, da bússola, da pólvora, da força hidráulica, a imprensa, a criação do leme de popa dos navios, a  clepsidra, o relógio mecânico, sem chave, com balancim e de bolso, e num salto chegamos ao relógio atômico. A matemática se transformou em Ciência e passou a ocupar todos os espaços do mundo. A Química revestiu a Ciência com seus sais e ácidos, o espaço se tornou num quintal da Terra e naves humanas já passeiam entre as estrelas. E ainda o homem fica extasiado em ver como o globo terrestre se sustenta no espaço, mais curioso do que Galileu vendo as luas de Júpiter ou as manchas solares ou o seu teimoso pêndulo.

E a questão da fé, como anda pelo planeta? Mudamos? Onde o homem mudou quanto às suas heresias, crenças, lendas e mitos?

Prof. Dr. Antonio Caprio – Presidente do IHGG/Rio Preto.

Tanabi – julho de 2021.   

IDEIAS E PENSAMENTOS



Baruch de Espinoza (1632/1677), um judeu refugiado de sua própria sinagoga, conhecido por um homem embriagado de Deus, quando tecer comentários sobre massacres religiosos, onde era proibido filosofar, vaticinou: “que coisa pior pode imaginar-se para um Estado que serem mandados para o exilio, como indesejáveis homens honestos, só porque pensam de maneira diferente e não sabem dissimular.? Haverá algo mais pernicioso, repito, do que considerar inimigos e condenar à morte homens que não praticaram outro crime ou ação criticável senão pensar livremente e fazer assim do cadafalso, que é o terror do delinquentes, um palco belíssimo em que se exibe, para vergonha do soberano, o mais sublime exemplo de tolerância e de virtude”. Foi chamado de ‘ um homem forjado no inferno  e renegado pelo próprio Diabo’. Foi um precursor da liberdade de pensamento e em especial na área religiosa, verdadeiras minas implantadas pelo domínio do pensamento por aqueles que se julgavam acima de tudo e de todos por uma vontade divina. Já imaginaram isto hoje?  

O tempo era por volta de 1650/60 onde uns jogavam a Bíblia contra os outros num caldeirão com calvinistas franceses, luteranos alemães, inquisidores espanhóis contra os portugueses, rabinos holandeses contra os não da mesma ‘linhagem’. Alegavam, em fragorosas discussões, que a Bíblia é imperfeita, em partes, de cada grupo e muitos diziam que a palavra de  Deus não pode ser escrita e tem, sim, de estar no coração das pessoas, pessoas estas que se matavam entre si.

O mundo estava sendo considerado diferente do que os filósofos afirmavam, qual seja, um conjunto harmônico de esferas cristalinas, perfeitas, douradas e cheias de luz, a luz da Criação, sendo tudo ‘feito’ para o homem, o centro da criação do universo, isto aqui e no céu, a morada dos deuses, dos anjos dos querubins e suas potestades, e nos subterrâneos do planeta, as almas penadas, capitaneadas pelo Demônio, o anjo caído em desgraça por desobediência do Supremo Criador.  O planeta água do dilúvio, de singular criatividade, reuniu ao redor da arca de Noé  animais de todo o planeta, como num passe de mágica e havia água potável e alimento para todos, conforme suas origens. Nem Júlio Verne escreveria ou bateria  tamanha façanha criativa.

Queimaram muitos filósofos, como por exemplo, Giordano Bruno( 1548/1600) por que atreveu  a escrever e falar sobre Deus de forma diferente do usual. Não foi feito churrasquinho porque tenha afirmado que não existia nenhum Deus, mas sim porque afirmava que Deus é transcendente( que é de natureza física e faz parte da coisas) e imanente(está em todas as coisas sendo passível de percepção através dos sentidos).Adicionou mais pimenta a seu caldo quando declarou que Copérnico estava certo, e que realmente a Terra orbita o Sol.  Não entenderam nada, e portanto, fogo nele. Hoje sua estátua está no local onde foi queimado, o Campo dei Fiori, na Itália. Em 1859, Darwin assustou o mundo com sua “Origem das Espécies”. Ele foi considerado a sabedoria contra a obra da Ciência( e de Deus). Pagou caro sua ousadia.

Realmente o campo das ideias era um caldeirão fervente ( e ainda o é principalmente com a proliferação de igrejas por toda a Terra).Interessante é que toda a confusão instalada no transcorrer dos séculos, não e a perseguição cristã, e nem  porque se assentava nem se assenta sobre a existência ou não de Deus, mas sim sobre o que entendem do que está escrito na Bíblia, “considerada a palavra de Deus”.

Prof. Dr. Antonio Caprio. Tanabi-sp –julho 2021