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segunda-feira, 24 de maio de 2021

O DIREITO COMO CIÊNCIA

 



A Ciência é entendida como um conjunto de enunciados que visa constituir um conceito final sobre determinadas informações relativas um tema específico de interesse do homem e da própria Ciência como um todo. Não busca definir. Busca apresentar resultados concretos que servirão ou serve para que o conhecimento se fixe e passe a compor a cultura científica de um determinado assunto. Estes conhecimentos são denominados constatações. No campo dos estudos são conhecidos os conhecimentos vulgares e os conhecimentos científicos. O conhecimento vulgar não exige comprovações, a não ser meras especulações, mas os científicos exigem caráter designativo, descritivo, genérico em pequena dose, comprovado e sistematizado.

O conhecimento científico é construído sobre constatações que indicam alto grau de veracidade. A partir de verdades, inicia-se um processo de definição dos enunciados de forma sistemática. Estas verdades podem variar de época para época de conformidade com o conjunto de outras ciências, e à medida que algum conceito muda também o Direito, como ciência, exige mudanças.  Tomemos como exemplo as afirmações na Idade Média sobre os movimentos da Terra no espaço. A Astronomia forneceu enunciados provados e os conceitos foram mudados em várias formas da Ciência, notadamente na Física. Os fatos ou enunciados até então tidos como verdadeiros, foram modificados e assim é, e assim deve ser em todos os seguimentos do conhecimento humano.

Um conhecimento inicia seu caminho através de hipóteses, representados por conhecimentos não comprovados. São teorias lançadas por cientistas ou estudiosos nas várias áreas humanas, que se devidamente comprovadas, tornam-se leis, representadas por conhecimentos que passaram pelos crivos da comprovação e verificações plenas, por um número relativo de vezes, até alcançarem o nível de sistematização. Toda Ciência precisa de um método e, a grosso modo, o método exige forma  segura para se encontrar um mesmo resultado em várias tentativas, como a receita de um bolo. No campo do Direito necessário se torna entender, que o objeto principal do Direito é o homem e suas relações com o todo que o cerca, inclusive da própria natureza. Disto, resulta que o Direito é uma ciência, por excelência.

O caráter científico do Direito nasce da necessidade da existência de uma sistematização, devida e cientificamente obtida e especialmente  de resultados provados, onde seus preceitos são literalmente dogmáticos. A própria sistematicidade é o fundamento básico da elevação do Direito à categoria de Ciência como dogmática e normativa. Nesta fase, o Direito passou a ser uma ciência de categoria interpretativa, gerando várias correntes de entendimento sobre a lei, que deve ser clara de forma a levar a uma só interpretação, mas isto é praticamente impossível, visto que, em muitas decisões de magistrados brasileiros, o resultado tem sido diferente, para semelhantes casos sujeitos à mesma lei. Disto surgem as interpretações e delas o Direito cumpre com suas altas funções na sociedade humana.

 

Prof Dr. Antonio Caprio

Maio,2021- Tanabi.

A REPÚBLICA BRASILEIRA

 


O Império Brasileiro se exauriu em 15 de novembro de 1889. A corrupção estava corroendo o sistema monárquico brasileiro, apesar de ser o Imperador D.Pedro II a grande reserva moral do Império. Sua saúde era inspiradora de cuidados especiais. Era geral o descontentamento dos grandes fazendeiros, em especial pela libertação dos escravos e estes eram os pilares de sustentação do II Império. Antigos escravos perambulavam pelas cidades e estradas causando enormes crises sociais e gerando expressiva pobreza. O exército já não obedecia totalmente às ordens do Imperador, enfraquecido com as ideias republicanas disseminadas pelos jovens que estudavam na Europa e pela proibição imperial proibindo manifestações por parte de membros do exército em favor da República. A imprensa motivava a classe média, os liberais, e a população mais esclarecida em favor da mudança do sistema de governo. A Igreja se mostrava hostil ao Império e sermões em favor da República eram repetidos nos púlpitos de várias cidades brasileiras, principalmente nos grandes centros urbanos.

Os setores mais progressistas desejavam mudanças radicais. Era grande o movimento contra o analfabetismo e em favor do voto censitário e da educação para todos. A população ansiava por Justiça Social. A miséria grassava de forma assustadora.  A Guerra do Paraguai acelerou a crise econômica, em razão de vultosos empréstimos  feitos junto a bancos ingleses aprofundando de forma drástica e perigosamente a dívida externa, já alta. O Positivismo, de Augusto Conte, surgido na França no século XIX ganhava, dia-a-dia, mais adeptos e nomes de peso entre os militares, estudantes, intelectuais, comerciantes, artistas, profissionais liberais e até membros do alto clero brasileiro e da política.

Rebelião entre vários setores do exército forçou o Imperador a demitir o Conselho de Ministros e seu presidente. Foi o estopim e o militar mais graduado do Rio de Janeiro, e mesmo contra sua vontade, Marechal Deodoro da Fonseca, assinou manifesto pelo fim do Império  instituindo a República no Brasil. Era o dia 15 de novembro de 1889, quando o Império completava 67 anos no poder. Em dias de enorme tumulto social e político, no dia 18 de novembro a família imperial partiu  para o exílio rumo à Europa. Por decreto elaborado pelo jurista Rui Barbosa, a partir de então, o Brasil seria governado por um presidente eleito pelo povo, e não mais um soberano vitalício.

Nasceu, entre muitas improvisações, a República, que durou de 1889 a 1894, com Deodoro exercendo o papel de Presidente num governo provisório  e frágil. Por razões de saúde e muita intriga política, em 1891 foi  forçado a renunciar ao cargo, assumindo o vice, Marechal Floriano Peixoto, que intensificou forte repressão contra os apoiadores da monarquia. Foi implacável contra os imperialistas, que eram muitos. Seguiu-se um período com  mortes e  perseguições que deram nome a seu governo de República da Espada.  Também em 1891, é outorgada a primeira Constituição Brasileira, instituindo o voto universal para os cidadãos, ficando as mulheres, os analfabetos e os militares de baixa patente, fora do rol. A nascente República atendia plenamente aos interesses da elite agrária do país, forma de garantir o poder e a república.  A nova bandeira brasileira foi oficializada no dia 19 de novembro de 1889 e hasteada ao meio dia pela primeira vez no país. O Brasão Imperial foi substituído pelo losango em cor ouro, o céu de 15 de novembro de 1889, onde cada estrela representava e representa um estado e a faixa “Ordem e Progresso”, firmada com base no Positivismo Brasileiro liderado então por Benjamim Constant.  Desde o advento da República o país nunca mais teve paz política. A Senhora República’ completa neste ano de 2021, exatamente cento e trinta e dois  anos(132) e,  não vai nada  bem das pernas e nem o sistema político acha o caminho ideal, onde o fisiologismo dos poderes Legislativo e Judiciário tornam o sistema  cada dia mais vulnerável.

Prof.Dr.Antonio Caprio –Tanabi.- Presidente do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico – IHGG  e vice-presidente do Comdephact/Rio Preto.

O NASCIMENTO DA REPÚBLICA

 


O sistema republicano nasceu nas Grécia e Roma há mais de vinte e cinco séculos. Concretamente os registros mais antigos se relacionam ao Estado ateniense. Demócrito, Sólon, Sócrates, Platão, Aristóteles, Heródoto e Heráclico despontaram em Atenas e |Lucrécio, Calústio, Cícero, Sêneca e Tácito em Roma. Nestes primórdios republicanos, a democracia era exercida de forma direta, ou seja,  através de  assembleias compostas de membros do povo, chamados magistrados,  e eram realizadas em praça pública, onde o povo decidia sobre o assunto enfocado.  O processo de votação era interessante e único no mundo de então.

O tempo escoou pela plataforma dos anos e, no mundo moderno, a democracia é atualmente exercida de forma indireta, onde as decisões são tomadas através de representantes eleitos periodicamente pelo povo, através do voto direto e secreto. É indireta porque o cidadão-eleitor transfere a seu candidato o direito de decidir por ele. Aristóteles dividia a democracia em forma monárquica, onde o governo é exercido por uma só pessoa e a aristocrática, exercida pela maioria. A democracia, didaticamente, é exercida não pelo povo, mas apenas pela maioria dele, visto que vence a eleição o candidato com a maioria de votos. Rousseau definiu bem esta situação quando afirmou que a vontade geral é apenas uma presunção e resulta de definição geral.

De acordo com a ‘Ciência do Estado’ são duas as formas de governo: República e Monarquia, resultando que a democracia tem a modalidade republicana, que pode ser aristocrática ou democrática, em seu aspecto extrínseco, e intrinsecamente, modalidades monárquica ou republicana. De qualquer forma, a república emana do povo e em seu nome o poder é exercido.

Destes conceitos, resulta que a democracia é um sistema de governo com base numa determinada temporariedade, fundamentada na eletividade, tanto no poder legislativo como do executivo. Climas de violência podem tornar o processo democrático em um clima de violências, mantendo-se democrático quanto à sua origem, mas não quando ao efetivo exercício do mandatário, que nalgumas vezes alcança o poder com o uso de  ‘golpes de estado’. Dentro da observância destes princípios, o fim do Estado é exatamente o de manter a ordem social e econômica de um país, onde o poder judiciário tem forças legais para garantir que esta ordem seja mantida. A democracia visa, com estes fundamentos, garantir ao homem uma gama de direito, porém,  exige dele o pleno cumprimento de seus deveres.

Fica evidente que a democracia tem suas raízes calcadas na própria natureza humana, mas, sua efetividade exige do próprio homem, um conjunto de deveres para com ele próprio, para com a sociedade onde vive e para o governo ao qual ele se submete e, basicamente, ajudou a eleger. Ao eleito, como estadista, cabe a grande responsabilidade de, em nome do povo, exercer com retidão e responsabilidade  seu mandato que a todos alcança. 

Prof. Dr. Antonio Caprio

Tanabi – sp                                                                                                                           

Fonte básica: Teoria Geral do Estado – Sahid Maluf-1999)

segunda-feira, 17 de maio de 2021

DIREITOS HUMANOS



Fala-se, mundialmente, neste século XXI, sobre os “direitos humanos”, que na verdade, são direitos sociais. Deveriam, na prática, serem chamados de “direitos naturais”. Teoricamente os dicionários definem direito como o ato de se seguir regras ou ordens determinadas. Deriva do latim ‘directus’. Opõem-se aos deveres, às obrigações que não estão sujeitas à liberdade individual. A natureza não confere ao homem nem mesmo o direito de viver. O direito à segurança é uma dádiva oferecida ao homem pela sociedade onde vive. E mesmo assim há grandes restrições, bastando-se lembrar o que acontece com um país em guerra ou em convulsão social ou mesmo política. Os ditos direitos humanos são preceitos e normas não universais.

A Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e promulgada pela Assembleia Geral das Nações Unidas – Resolução 217 III, em 10 de dezembro de 1948, reconheceu, em seu primeiro considerando, “a  dignidade inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis como fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”. Em seu Artigo 1º a Resolução diz textualmente “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. São dotados de razão e consciência e devem agir em relação uns aos outros com espírito de fraternidade”. Isto acontece no mundo?

Em todos os pontos do planeta os direitos estão sempre sendo mudados de acordo com os líderes e seus revezamentos no poder e suas competições partidárias. Some-se às vontades dos que governam e seus grupos de apoio,  as religiões, que interferem de modo profundo na sociedade civil e em pleno desacordo com o artigo primeiro da citada Resolução 217. O que é considerado certo, em uma idade, pode não ser visto como certo em uma outra. Na Idade Média, notadamente na Europa, eram raros os direitos humanos. Direitos eram, e ainda são, privilégios, sempre reconhecidos pelo Estado ou pela Igreja. Isso levou ao conceito errado inserido na Resolução 217 que todos os homens nascem iguais. Este conceito levou a sociedade humana a dolorosos confrontos onde os fracos e os inferiores se levantaram em luta com os poderosos na busca desta sonhada  e utópica igualdade, notadamente no requisito cultura. A Igualdade jamais foi encontrada na Natureza. Nem o será.

Destes fatos, constata-se que a sociedade, organizada como Estado, não pode oferecer o direito à igualdade a todos, e ai entra a política que promete administrar os direitos variáveis dos indivíduos e tirar deles proveitos fantasiados de Justiça e equanimidade, no que é auxiliado pela Igreja.  Desta relação nasce o desejo de autoperpetuação, da  autogratificação e da automanutenção do poder, que, em síntese, dá origem à tão propalada e sonhada felicidade humana, substrato da Resolução 217.  

Junte-se  isto, ao sonho dos ‘direitos humanos’, a teoria da Justiça como sendo uma realidade. De novo a Justiça não é parte da Natureza. É fictícia. O homem criou a Justiça como meio para obter o próprio direito dentro de uma sociedade que sonha com seus resultados em uma ação progressiva. No tempo do homem primitivo a opinião pública agia diretamente mediante regras que eram para todos, de forma igualitária, mas, sempre havia quem já nascesse com os direitos sobre os demais e assim segue a carruagem dos direitos na linha do tempo com seus deuses, reis e majestades.

Prof. Dr. Antonio Caprio

Tanabi. Maio de 2021. 

quinta-feira, 13 de maio de 2021

UMA PEQUENA HISTÓRIA SOBRE DEUS.

 


Existem nos anais históricos e filosóficos, inclusive religiosos, diversas tentativas de definição de Deus. Definir deuses é coisa corriqueira. Estes são seres imaginários que habitam todos os históricos de todos os países e povos do mundo, desde o início dos tempos. Já a questão de Deus é muito difícil, não só por falta de termos próprios como de enunciados aceitos por todas as religiões e estudiosos das crendices humanas.

Segundo o “Livro de Urântia” antes de tentarmos definir Deus, preciso é que saibamos o que é divindade e deidade. Dedico a este tema um capítulo inteiro em livro, com o título ‘Deus, o maior segredo do Universo”. Deidade é a fonte de tudo o que é divino. Pode ter conotação existencial e refere-se ao Ser Supremo, incriado e que não teve inicio nem terá fim. Está fora do tempo e do espaço, estudados por Albert Einstein, que são linhas criativas do próprio universo. A deidade é onipotente, onisciente e onipresente e  não estão  submetidas à força do espaço nem do tempo.

A Divindade é, segundo Urântia, a qualidade característica, unificadora e coordenadora da Deidade. É símbolo da beleza e bondade. É o representativa do amor, misericórdia e ministração. É revelada como justiça, poder e soberania. É a perfeição absoluta. É a segunda parte da Deidade. A filosofia religiosa cristã divide, simbolicamente, Deus como uma trindade absoluta.

Estes elementos divindade e deidade integram Deus. A consciência cósmica nos leva, filosoficamente, ao reconhecimento de uma Causa Primeira formada pela trindade. Outras religiões também constituem seus princípios religiosos no número três(3), número este presente no Egito( Isis, Osíris e Hórus), na Índia( Shiva, Brahma, Vishnu), no mundo cristão Pai, Filho e Espírito Santo e o uso da trindade se perde na linha do tempo religioso humano. Deus é uma palavra símbolo. As criaturas mortais necessitam de simbolizar seus conceitos e com Deus não é diferente, havendo religiões que proíbem que se pronuncie o nome de Deus, usando anagramas ou outras maneiras, coo por exemplo Jeovhá.

Usa-se de forma universal, a expressão EU SOU para a representação da figura de Deus, lembrando o eterno e o infinito. É o Absoluto Universal, abrangendo a deidade e a Divindade. É sabido, quem se liga ao tempo-espaço, tudo tem de ter um início e, por força do tempo, um fim. A única exceção é Deus, que é Aquele Incausado, a causa primeira de todas as coisas. A palavra ‘Pai’ neste contexto é a primazia absoluta do Pai Universal e se constitui no conceito representativo do exercício da fé.

Neste contexto, usa-se muito as expressões corpo, que é apenas o organismo físico do homem; mente, que é o elemento de pensar, perceber, sentir e se manifestar do organismo humano;  espírito, que é a parte divina que reside no homem; alma, definida em Urântia como a aquisição experiencial humana  e personalidade, parte do homem que reflete a manifestação de todos os elementos retro citados, associados à individualidade de cada um. Todo este processo se alicerça na energia, que embora definida pela Física, não se pode deixar de associar com a criação do Universo pela força superior e indefinível representada pela palavra DEUS.

 

Prof. Dr. Antonio Caprio                                                                               

Tanabi – sp

segunda-feira, 10 de maio de 2021

TRANSMIGRAÇÃO

 


A transmigração  se alicerça numa doutrina filosófica de origem indiana, adotada pelos egípcios e outros povos, inclusive dos povos americanos, e que mais tarde foi transportada para a Grécia por  Pitágoras.  Os discípulos desse filósofo ensinavam que  uma mesma alma, depois  de ‘habitar’ o mundo  dos mortos, pudesse voltar a animar outros corpos de homens ou de animais e até mesmo de elementos da natureza.

O tempo pós-morte sempre foi tema assustador e ao mesmo tempo pacificador entre as milhares de religiões do mundo antigo e moderno. A humanidade ergueu majestosos castelos e construiu  terríveis subterrâneos sobre a morte, abominada por todos os seres humanos. As religiões foram os artífices destas construções e tiraram delas proveitos da várias formas, inclusive financeira e posições sociais. Céu e Inferno são os alicerces destas concepções. Um corpo sacerdotal, ditos médiuns,  se encarregavam e se encarregam dos processos que envolveram e envolvem  ricos e pobres na inevitável morte. Nada mudou desde os primórdios da razão humana.

Já desde tempos que se perdem na penumbra dos séculos, admite-se a possibilidade de comunicação entre os vivos e os mortos. Há relatos de diversas partes do mundo que tentam comprovar esta comunicação. A mumificação foi entre os povos pré-colombiano muito usada, inclusive na redução do crânio do falecido cuja técnica se perdeu na linha do tempo. Os egípcios experimentaram outras técnicas, tudo para garantir a continuidade da vida após a morte física. Entendiam que o espírito do embalsamado permanecia próximo cuidando da própria múmia que um dia lhe serviria, novamente, para voltar à vida. Com o faraó, eram sepultados os serviçais necessários para que, quando voltasse à vida, pudesse continuar a ser atendido por eles. Isto se constituía num privilégio para cada “acompanhante do rei”. O mesmo se dava com seus pertences básicos. A crença na pluralidade da vida terrena era e continua sendo plausível e cultuada. A ressurreição de Cristo é uma variante de tal crença. O mesmo se vê com Osíris entre os egípcios que  caminha no mesmo sentido.

A transmigração tem variante destes conceitos de pós vida, quando o espírito do falecido volta e passa a habitar o corpo de um animal qualquer, podendo inclusive ser um regato, uma árvore, daí nascendo a crença de que o vento, a chuva, o trovão, eram espíritos que se manifestavam entre os vivos, para o bem ou para o mal.  Haviam povos que não aceitavam a volta dos espíritos, e que, uma vez falecido, o indivíduo ia para o céu, ou outro nível transcendental, e jamais voltaria para ‘ incomodar’ os vivos. Há povos que afirmam que o falecido permanece entre os vivos por um ano, e neste espaço de tempo deve ser homenageado com cerimônias especiais. Após este prazo, ele se vai de forma definitiva.

No meio indígena, havia tribos que comiam o herói morto, em cerimônia especial, buscando com isto, ao comer de sua carne, não para simplesmente  se alimentar, mas, sim para adquirir toda a coragem e astúcia do falecido. O mesmo se dava com o inimigo morto em combate, mas considerado um herói. No campo da religiosidade cristã, a cerimônia da conversão do corpo e do sangue de Cristo em uma hóstia, é um claro processo de transmigração, através do pão e do vinho.

Morrer é contra qualquer princípio humano, embora natural ao processo da vida.  A perpetuação da espécie é uma forma de eternidade através dos genes, e busca, sob todas as formas, perseguir este objetivo.

Tanabi, abril de 2021.

Prof. Dr. Antonio Caprio.

 

quinta-feira, 6 de maio de 2021

O HOMEM E O ANTROPOMORFISMO

 


A Divinização do ser humano deu origem a uma quantidade enorme de religiões e seitas. A própria Gênese Bíblica atribui ao homem tal condição. Na Índia, no Egito, na Grécia, na Ásia, nos impérios Inca, Maia e Asteca, e em muitos outros pontos do planeta, algumas figuras humanas se tornaram num elemento divino e, como tal, com superpoderes entre seus iguais. Todos os imperadores eram elevados à categoria divina. Todos os demais não aceitavam o poder sem que o detentor dele não fosse ‘diferente’ e , além de nobre, divino. A pergunta-mater é: como uma pessoa ter-se-ia elevado a categoria divina? Pelo povo?  Por meio de uma lenda? De um nascimento inusitado?

Diz a lenda, que Manco-Cápac, foi o fundador da primeira dinastia Inca. Ele caminhou, com sua esposa Mama-Oelo, instado por uma força superior, que ele dizia ser o Sol, seu pai, sempre para o norte e só parou quando encontrou a ‘terra prometida’ e ali fincou os alicerces do Império Inca, fundando a cidade de Cuzco. No local encontrou um povo selvagem que vivia em caverna e se alimentava de caça e frutos silvestres, desconhecendo a agricultura. Ele, com uma linguagem fluente, conseguiu impressionar os que o cercavam lhes oferecendo cultura, pão e mel. Logo os selvagens viram nele um rei e um  deus enviado pelo Sol. Em civilizações pré-colombianas nem sempre o rei era divino, mas por suas ações de bravura, acabava sendo distinguido com  este tratamento, e muitos tiveram em seu louvor a construção de templos com corpos sacerdotais que mais ainda lhes elevavam a divindade  perante o povo.

Do Oriente surgiu uma veneranda figura, com barbas longas e brancas e trajando um brilhante manto, radicando-se em local onde hoje é a Colômbia, chamado Bochica e que passou a cuidar do povo em situação de barbáries em alto grau. Em uma ocasião, diante de enorme enchente do rio Funza, que foi controlada por ele, e  que foi qualificada como milagrosa, rendeu-lhe  o título de filho do rei Sol, promovendo no país grandes reformas sociais, políticas e religiosas, inclusive a organização de um calendário. Reza lenda que ele passou cerca de dois mil anos em constante meditação no alto de uma montanha, instituindo entre o povo uma forma de escrita sagrada e uma extensa lista de seres que se tornaram representantes de deuses relacionados com a natureza animal e vegetal, de forma antropomórfica.  Não se tem informações sobre a morte de Bochica.

A ideia de que reis poderiam ser deuses também se arraigou no México, especialmente onde os conquistadores não destruíram os templos. Ser rei não bastava para que o mesmo fosse elevado a uma divindade. Era preciso que o ser apresentasse ou demonstrasse características superiores ao homem comum. No Mexico, dois reis se tornaram deuses e grandes legisladores e civilizadores. Eram eles Itzamma e Kukulman, sendo o primeiro um civilizador maia e o segundo um sábio governador de Chichen-Itzá, que imprimiu grande evolução na vida do povo, em especial no campo social, político e religioso Entre os Incas era mais difícil se alcançar a categoria de deus, mesmo que o líder fosse um rei. Com Cristo se deu o mesmo na região de Israel e Jerusalém

Tanabi, abri de 2021.

Prof.Dr.Antonio Caprio.

O HOMEM, SEUS LIVROS SAGRADOS E SEUS DEUSES

 


A religião primitiva, segundo “O Livro de Urantia”,  teve uma origem biológica, um desenvolvimento evolucionário natural. Os animais a quem chamamos irracionais têm medos, mas não têm ilusões. O homem cria suas religiões primitivas dos próprios temores e por meio de suas ilusões. Era totalmente intelectual e baseada em circunstâncias de relacionamento. Com a evolução, a religião passou a ter fundamento espiritual. O lago, o mar, a chuva, os trovões, relâmpagos, vento, vulcões, fogos, calor, frio, fizeram nascer seus deuses. 

Houve época em que o homem adorou tudo sobre a face da Terra e, claro, a si próprio. Não entendendo os fenômenos naturais buscou aplacar a ira deles com oferendas, danças, imagens e escolheram entre os seus os que afirmavam ter contato direto com os deuses e sabia o que eles queriam. Surgiram os sacerdotes e as castas religiosas. A questão da origem do Homem previsto no “Genesis” é  extraordinariamente fantástica, tal como o trabalho de Noé. A presença de parábolas bíblicas e nos evangelhos, Torá e outros livros ditos agrados é superinteressante.

Nos altares, pedras, chamas ardentes, imagens diversas. Nas montanhas, chegou-se às  ‘Tabuas de Moises’ – os dez mandamentos. Fragmentos de meteoritos se tornaram em objetos sagrados, estrelas cadentes, os eclipses, em sinais interpretados pelos Xamãs a seu modo e interesse e o mundo vegetal ofereceu ao homem primitivo meios de comunicação segura com os deuses através de chás, infusões de folhas, talos, e ainda hoje estes elementos vegetais fazem do homem escravo e vítima sob  vários aspectos.

Os animais foram e ainda são venerados pelos homens e disto nasceram lendas interessantes com personagens em forma de sereias, botos, cobras, águias, além de lendas envolvendo dragões, centauros, minotauros, os cordeiros, os lobos, as pombas, sem deixar de lado uma gama de insetos, como o escaravelho egípcio.

O ambiente natural ofereceu ao homem meios de adoração, sob várias formas, como a correnteza de um rio que entendiam ser produto de espíritos. Um afogamento indicava que os espíritos haviam punido o afogado por alguma razão e o corpo era deixado apodrecer nas águas.  O Sol, a Lua, as estrelas fascinaram e fascinam os homens. O arco-íris lembra o pacto divino com o homem por um novo tempo e chamado de arco da promessa pelos cristãos. Os redemoinhos indicavam a presença um espírito irritado com os homens e crianças. Em meu tempo de infância, afirmavam que no centro deles estavam demônios perigosos.

O Granizo assustou e assusta ainda hoje os homens. Afirmavam no passado que algum deus estava irritado e atirava pedras sobre o local atingido pelo fenômeno exigindo algum tipo de reparação. A adoração pelo fogo é tão antiga quando o homem. As chamas em altares, indicam a presença expressa do deus adorado, santos ou mesmo de Deus. O vapor produzido pelos  incensos usados indicam o retorno do homem às coisas de Deus ou dos deuses, como se fazia no Egito, Pérsia e outros povos antigos, e até hoje usado em igrejas de vários cultos. A adoração da Lua é mais antiga do que a do Sol. No Egito o Sol alcançou grau máximo de adoração.

O próprio homem adorou a si próprio, nas figuras de seus profetas, faraós, reis, imperadores, chefes tribais, elegendo como sagrados restos mortais de algum ser considerado como santo ou figura superior.  Várias religiões tiveram como fundamentos a transformação do homem mortal em imagem e semelhança de Deus. Alguns governantes atuaram de forma a que suas imagens fossem consideradas divinas e como tal reverenciadas.  Temer, esquivar-se, honrar e adorar se confundem, ainda nos tempos atuais.

Tanabi, agosto de 2020

Prof. Dr. Antonio Caprio –Tanabi

Biólogo e pesquisador.

 

O HOMEM E A NATUREZA...

 


Anotações....

O ser humano tem, segundo a Ciência antropológica, cerca de 2,5 bilhões de anos. Os vegetais ultrapassam 3,5 bilhões de anos e são tão antigos quando a própria Terra, cuja centelha de vida deve ter sido deflagrada na imensidão dos mares e oceanos.  As raças humanas perambularam por vários pontos do planeta e conviveram, algumas delas, com os mais antigos animais e imensas árvores e florestas, onde a natureza imperava e assustava os humanoides escondidos em cavernas, e atribuindo à natureza, poderes sobrenaturais que, em muitos casos, ficaram gravados em paredes seculares de suas moradas iniciais, criando seus deuses e vendo neles o poder do próprio planeta e de seu desconhecimento de tudo o que o cercava.

Observando os animais de seu meio natural, percebeu que eles se reproduziam em rituais que passou a conhecer e usar. Da mesma forma observou que sementes de frutos  geravam novas plantas e deles ele se valia para sua alimentação básica. Era vegetariano e os grandes incêndios naturais fizeram com que ele conhecesse e dominasse o fogo e os animais mortos e alcançados pelo fogo o que fez com que ele pudesse descobrir a carne mais saborosa e macia. Das peles percebeu que poderia criar formas de defesa das intempéries. Dos ossos fez as primeiras armas de defesa e a florestas continuava a lhe ensinar como viver,  como se alimentar e como se  reproduzir. Imitando o lagarto picado por uma cobra, mais forte e poderosa,  viu que ele, fugindo, mascava certas folhas que o curava, anulando o veneno e nasceu nele o conhecimento de mais uma preciosa função da natureza vegetal em seu favor.

 O homem primitivo, naturalmente silvestre, admirava, com alta dose de percepção, como os pássaros e alguns animais como macacos, gibões e outros  se alimentavam de determinadas sementes e frutos. Observava que, alguns, eram rejeitados, embora aparentemente apetitosos e percebia, que se fossem comidos, morriam e com isto aprendeu a selecionar o que poderia ou não usar em sua alimentação e na alimentação de seus familiares ou até da aldeia.  Estes comportamento foram sendo assimilados e passados de geração para geração, tornando-se  no conjunto de conhecimentos dos homens de antanho e por conseguinte, nos de hoje.

Em dias e noite de intensos vendavais, ao ouvir os estrondos dos trovões e os raios cortando os céus pensou serem os deuses se manifestando e buscou criar rituais para aplacar a ira dos mesmos e ao mesmo temo em agradá-los de forma a que fossem premiados por seus atos bons e julgados pelos maus. Construiu seus totens como imagem de seus supostos  deuses e os pajés passaram a interpretar seus desejos sob a ação de emanações de gases oriundos de fumaças de folhas e galhos que entendiam ser representantes de seus seres superiores e ordenadores da natureza.

As pajés se investiram em poderes que entendiam ter e começaram a usar das plantas e das seivas para minorar o sofrimentos dos irmãos adoecido, tomados pelos espíritos maus e as religiões começaram a serem traçadas em seus primórdios, unindo-se as coisas da natureza às coisas das divindades que elegiam. Se mortos, estes passavam a pertencer ao panteão dos espíritos que se juntavam na proteção da tribo ou mesmo dos familiares dos grupos.  Fustel de Coulange retrata, no século XVII este período com perfeição em sua magistral obra de 1864, sobre a criatividade humana, sua religiosidade e vida bem como  o entendimento de seus males e formas de vida e religião.

Os astros, em especial o Sol e a Lua eram divindades que presidiam os dias e as noites e, mesmo já nos temos dos egípcios, eram portadores da vida e da morte e ligavam o homem simples aos deuses que comandavam o universo. Gregos e outros povos faziam da vida vegetal a salvação das vidas, a cura dos males e muitas vezes para terminar com uma vida, como ocaso  da cicuta e do Filósofo Sócrates.

Os indígenas, mesmo assim chamados de forma errônea num passado distante formavam povos que, mesmo próximos, participante do mesmo ambiente territorial, não eram amigos, e até pelo contrário, vivendo em constantes guerras e disputando os alimentos e até a própria floresta, chegando ao ponto da antropofagia, não em razão da fome, mas da aquisição da coragem dos adversários. As línguas eram diferentes, diferentes eram os entendimentos da natureza e cada um criava seu panteão de deuses para viverem em paz com o meio ambiente. Sabiam que, matando peixes em épocas de procriação, estavam agindo errado porque as fêmeas deixavam de procriar e com isto seus alimentos estariam comprometidos com seus próprios futuros. De Nômades passaram a plantar seus alimentos e todos eram advindos da grande mãe floresta, Gaia.

Nasceram destas necessidades e observações  a necessidade da fitoterapia, praticada elas mulheres, substituídas depois pelos curandeiros, tendo noticias que cerca de 3.000 anos de Cristo os chineses já praticavam o culto às plantas, vendo nelas divindades e no tempo do antigo Egito, os sacerdotes cultuavam as plantas com formas de minorar os males humanos e até prolonga a vida humana.  Assim se vê de forma constante nos tempos bíblicos que se perdem na linha do temo. A estão entre os índios era coletivista e se alicerçava na cooperação, onde cada membro tinha sua posição e função. Os anciãos eram os depositários da toda a história e genealogia da tribo e eram venerados como condutores da tribo e o comunicador direto dos anseios da tribo para com as entidades espirituais.

Com a chegada dos portugueses, franceses, holandeses e outros ao Brasil inicial, foram “assassinadas” literariamente centenas de línguas nativas, restando hoje poucas delas e em extinção acelerada. No século XVI existiam quatro agrupamentos linguísticos destacados, o tupi-guarani, que era presente em quase toda a América do Sul, o jê, o caribe e o aruaque. Os jesuítas, que seguiam o pensamento da Europa, viam como cultura apenas os povos que possuíam símbolos de civilização e progresso e isto levou grande parte dos pensadores na busca de uma hierarquia cultural. Por não possuírem estes atributos, os jesuítas, em especial, sacrificaram centenas de índios por não aceitarem a doutrina cristã, por se posicionarem firmes com seus deuses, principalmente Tupã. A crença indígena era animista, acreditando em seres sobrenaturais e divinos como o Sol, a Lua e as florestas. Os indígenas alicerçavam suas religiões(em formação) por um conjunto de mitos e acreditavam em entidades espirituais no controle da natureza à sua volta. Os Jesuítas e outros colonizadores tentaram escravizar o índio, mas este não aceitou as correntes e o trabalho, visto que ele, criado na natureza, por certo jamais aceitaria se submeter a outro animal, em especial o homem branco.

A fitoterapia nasceu com o próprio homem, mas alcançou, depois dos anos 1500, força especial com a somatória do trabalho dos alquimistas  onde a fusão dos minerais com os vegetais alavancou de forma extraordinária o domínio humano sobre os princípios químicos dos vegetais e dos minerais na inaugurando a época da Química no rol dos  conhecimentos da Ciência.

O uso de plantas como elemento medicinal é tão antigo quando o próprio homem. O velho boticário, entre os brancos, os naturalistas como os pajés nas comunidades indígenas, os curandeiros, em todos os grupos sociais humanos,  os feiticeiros, as bruxas, inclusive no nosso folclore mundial,  se  perde na linha do tempo , sendo de grande destaque os alquimistas no mundo mais moderno, e hoje os cientistas em vários campos com a ajuda imprescindível da tecnologia e mais recentemente da nanotecnologia.

A malária matou milhares de pessoas no século XIV e foi no meio de uma antiga selva e com seus habitantes naturais da América do Sul,  que se encontrou um lenitivo para tamanha peste:  o chá da casca de cinchona. Na Europa, no século XVII, pelos químicos franceses Joseph Plletier e Joseph Caventon, foi isolada a quinina. No Brasil, na construção da estrada de ferro Madeira-Mamoré, o uso do quinino evitou a morte de grande numero de trabalhadores e o remédio veio  floresta brasileira e por indicação de um antigo curandeiro da região. O índios, observando que alguns animais, machucados por lutas ou galhos pontiagudos, se esfregavam numa determina árvore até que sua seiva( óleo) alcançasse o ferimento e nascia o fantástico óleo de copaíba, eficaz cicatrizante. Índias parturientes eram salvas em partos difíceis, por infusão com folhas colhidas por outras mulheres da aldeia, e em poucos minutos o parto que poderia ser fatal para a mãe e a criança eram resolvidos. Centenas de indígenas picados por cobras, insetos e animais,   foram salvos pelos pajés com seus remédios naturais colhidos no grane laboratório das florestas. 

A alquimia nasceu e floresceu na Idade Média num mosaico de arte, magia e ciência, esta última desconhecida com esta denominação. Buscavam o ‘elixir da vida’ fator básico da imortalidade e a ambicionada ‘ pedra filosofal’. Historiadores  dão a alquimia como nascida na China há cerca de 4.500 anos a.C. com registros memoráveis de alquimistas que prepararam os caminhos da química e a farmacologia modernas. A Inquisição foi um grane entrave nos caminhos da alquimia, tratada pelo Tribunal do Santo Ofício como bruxaria, levando a fogueira inúmeros homens e mulheres eu usavam do grande laboratório do planeta, as florestas do mundo.

Estima-se que em 1500, existiam por volta de quatro milhões de indígenas na região que hoje denominamos Brasil, não se incluindo ai , por questões geográficas, os Maias, os Incas e os Astecas. Hoje o numero não passa de um milhão e ainda registra cerca de 250 etnias. A população brasileira é um conjunto miscigenado e pluricultural. No campo de culinária, são muitos os pratos existentes ainda hoje e que são apreciados por grane parte dos brasileiros, e destaca-se nisto. O excelente artesanato indígena.

(anotações Caprio) .