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segunda-feira, 10 de maio de 2021

TRANSMIGRAÇÃO

 


A transmigração  se alicerça numa doutrina filosófica de origem indiana, adotada pelos egípcios e outros povos, inclusive dos povos americanos, e que mais tarde foi transportada para a Grécia por  Pitágoras.  Os discípulos desse filósofo ensinavam que  uma mesma alma, depois  de ‘habitar’ o mundo  dos mortos, pudesse voltar a animar outros corpos de homens ou de animais e até mesmo de elementos da natureza.

O tempo pós-morte sempre foi tema assustador e ao mesmo tempo pacificador entre as milhares de religiões do mundo antigo e moderno. A humanidade ergueu majestosos castelos e construiu  terríveis subterrâneos sobre a morte, abominada por todos os seres humanos. As religiões foram os artífices destas construções e tiraram delas proveitos da várias formas, inclusive financeira e posições sociais. Céu e Inferno são os alicerces destas concepções. Um corpo sacerdotal, ditos médiuns,  se encarregavam e se encarregam dos processos que envolveram e envolvem  ricos e pobres na inevitável morte. Nada mudou desde os primórdios da razão humana.

Já desde tempos que se perdem na penumbra dos séculos, admite-se a possibilidade de comunicação entre os vivos e os mortos. Há relatos de diversas partes do mundo que tentam comprovar esta comunicação. A mumificação foi entre os povos pré-colombiano muito usada, inclusive na redução do crânio do falecido cuja técnica se perdeu na linha do tempo. Os egípcios experimentaram outras técnicas, tudo para garantir a continuidade da vida após a morte física. Entendiam que o espírito do embalsamado permanecia próximo cuidando da própria múmia que um dia lhe serviria, novamente, para voltar à vida. Com o faraó, eram sepultados os serviçais necessários para que, quando voltasse à vida, pudesse continuar a ser atendido por eles. Isto se constituía num privilégio para cada “acompanhante do rei”. O mesmo se dava com seus pertences básicos. A crença na pluralidade da vida terrena era e continua sendo plausível e cultuada. A ressurreição de Cristo é uma variante de tal crença. O mesmo se vê com Osíris entre os egípcios que  caminha no mesmo sentido.

A transmigração tem variante destes conceitos de pós vida, quando o espírito do falecido volta e passa a habitar o corpo de um animal qualquer, podendo inclusive ser um regato, uma árvore, daí nascendo a crença de que o vento, a chuva, o trovão, eram espíritos que se manifestavam entre os vivos, para o bem ou para o mal.  Haviam povos que não aceitavam a volta dos espíritos, e que, uma vez falecido, o indivíduo ia para o céu, ou outro nível transcendental, e jamais voltaria para ‘ incomodar’ os vivos. Há povos que afirmam que o falecido permanece entre os vivos por um ano, e neste espaço de tempo deve ser homenageado com cerimônias especiais. Após este prazo, ele se vai de forma definitiva.

No meio indígena, havia tribos que comiam o herói morto, em cerimônia especial, buscando com isto, ao comer de sua carne, não para simplesmente  se alimentar, mas, sim para adquirir toda a coragem e astúcia do falecido. O mesmo se dava com o inimigo morto em combate, mas considerado um herói. No campo da religiosidade cristã, a cerimônia da conversão do corpo e do sangue de Cristo em uma hóstia, é um claro processo de transmigração, através do pão e do vinho.

Morrer é contra qualquer princípio humano, embora natural ao processo da vida.  A perpetuação da espécie é uma forma de eternidade através dos genes, e busca, sob todas as formas, perseguir este objetivo.

Tanabi, abril de 2021.

Prof. Dr. Antonio Caprio.

 

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