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terça-feira, 28 de fevereiro de 2023

O HOMEM RELIGIOSO




O que seria ou será o homem sem a religião? Thomas Mann escreveu ‘Muito fundo é o abismo do passado e ele mesmo se pergunta, ‘não poderíamos dizê-lo sem fundo?’ Continuando, ele afirma que as origens da humanidade são insondáveis. E perguntaria eu diante disto: O homem existiria sem a religião, sem Deus e até mesmo sem seus deuses?

Não existiria o homem como o conhecemos pelas linhas da história antiga, e mesmo das linhas atuais, sem a figura de Deus. E sem seus deuses? A Natureza ‘exige’ que o homem tenha suas crenças. Desde os tempos mais distantes na linha do tempo o homem teme à Natureza, tem medo de trovões, dos ventos, da noite, dos eclipses. Um raio é um abalo no espírito humano e mesmo antes de sê-lo. A morte o assusta e o força a criar seus xamãs, seus totens, suas máscaras, suas danças. O sonho é o reflexo de seus pesadelos.

A Humanidade, tal como chamamos ao ajuntamento de seres assemelhados e com origens perdidas no horizonte do tempo, trepadores de árvores ou não, precisou criar seus sistemas religiosos para deixar de temer ou temer mais um pequeno relâmpago, em especial nas suas noites perdidas nas suas imaginárias linhas do tempo e do espaço. Precisou parir de seu cérebro fecundo a religião, onde um alguém mais esperto assumiu o papel de representante nato da divindade e em nome dela, por ela e a cada vez mais poderoso se arvorou no poder de representar. Deste outros surgiram e formaram castas especiais que, em nome de Deus e de seus incontáveis deuses, assumiu o controle do mundo, antes desconhecido e agora fecundo em domínio além das medidas aceitáveis que criam e matam deuses e até transubstanciando suas formas e poderes. A partir, em especial, do século XVII da ignorância e da ânsia do poder nasceram as seitas e religiões que acabaram por dominar o homem com maior intensidade, hoje grandes filões geradores de riquezas de alto nível a diversas associações de cunho religioso.

As estatísticas por si só retratam estes filões, onde 28% se agrupam no catolicismo, 22% no hinduísmo, 15,6% no budismo, 8,5% sem nenhuma filiação e outras opções em termos de 14,5%. O cristianismo, o islão, o judaísmo e por vezes a Fé Bahá’í se agregam nos grupos abraâmicos e o hinduísmo, o budismo, o siquismo e o jainismo se juntam em blocos chamados religiões indianas ou dármicas. A chinesa, o confucionismo, o taoísmo e o xintoísmo se juntam em bloco da Ásia Oriental, o taóicas. Imaginem o que ocorreria se estas religiões se unissem brandindo seus livros sagrados tentando convencer que cada uma é a verdadeira. Nem ovnis se aproximariam. Daniel Defoe descreveu as diferenças religiosas escrevendo: “A religião é corretamente a adoração dada a Deus, mas isso também é aplicado à adoração de ídolos e de falsas divindades”. Em 1893, em Chicago, Estados Unidos, criou-se a expressão moderna de ‘religião mundial’ colocando cristãos e não cristãos no mesmo nível. A intensão patina até hoje. Na segunda metade do século XX foi e continua sendo intensamente questionada.

Tentaram no passado não distante a criação do Esperanto, imaginando-se uma língua universal. O Esperanto é uma língua artificial criada pelo médico e estudioso de línguas polonês Ludwig Lazar Zamenhof (1859-1917), por volta de 1887, para ser língua de comunicação internacional possui gramática muito simples e regular e utiliza as raízes das línguas europeias mais faladas, além de raízes latinas e gregas. Várias dificuldades surgiram. O Esperanto também não deu certo em razão do imperialismo cultural dos países que falam inglês. Este imperialismo cultural e de imposição de um idioma como língua cultural também fez com que a ideia do Esperanto quase desaparecesse.

Imagine uma experiência deste tipo com relação a uma religião única!

Prof. Dr. Antonio Caprio. Tanabi-SP.

Membro da Acilbras – Academia de Ciências e Letras do Brasil. Sucursal de Votuporanga, cadeira 910 e paster-presidente do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico -IHGG de S.J.R.Preto-SP




quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

A QUARESMA




O mundo cristão vive, após o carnaval, um período de reflexão, introspecção e penitências. São 40 dias que antecedem à Páscoa que tem a ver com a morte do mais alto líder espiritual cristão: O Cristo. A história da quaresma é de origem controversa, mas os estudiosos entendem que o costume começou a ser utilizado por volta de 325 d.C. e foi matéria de intensa discussão no Concilio de Nicéia que se realizou na atual Turquia no século IV, d.C. O calendário litúrgico cristão é originado de tradições que se perdem na linha do tempo e a astronomia e a própria astrologia tem muito a ver com as datas usadas durante todo o ano cristão. A quaresma é uma intensa preparação que precede as comemorações da Páscoa relacionada à ressurreição de Jesus. O marco inicial da quaresma é a Quarta-Feira de Cinzas e o marco de encerramento desta fase é o Domingo de Ramos. A partir da idade Média é que a prática da Quaresma foi incrementada na Quarta-feira de Cinzas, estabelecida oficialmente por Gregório I, papa de 590 a 6-4.

Há uma parte dos teólogos que entendem ser a quaresma de 46 dias indo da quarta-feira de cinzas até o sábado de Aleluia. Outros, e entre eles o Papa Paulo VI, que entendia ter a quaresma 44 dias indo até a quarta-feira santa. A quaresma alcança católicos, ortodoxos, luteranos e anglicanos com algumas variações, mas de um mesmo alicerce. Os evangélicos originários do luteranismo não observam a quaresma. O simbolismo domina praticamente todos os momentos religiosos, mas o catolicismo é o quem mais ostenta este aspecto. Na quaresma, as igrejas católicas decoram os templos com a cor roxa e algumas cobrem todos os santos, e alguns outros símbolos, com panos roxos, simbolizando a dor e a penitência, a primeira relativa ao sacrifício de Jesus e a segunda pelos atos que os cristãos devem praticar no período quaresmano, destacando que no seio da Igreja Católica são 24 Igrejas, ou seja, são 24 ritos diferentes, apesar de que todos são ligados a Roma e ao Papa, como seu pastor supremo.

Com origem no latim, quaresma refere-se à palavra quarenta, que no grego é “tessarakonta” o mesmo se dando nas nações de língua espanhola, italiana e francesa, e novamente se relaciona aos quarenta dias que cristo ficou no deserto em jejum e plena introspecção. O estudo as decisões sobre a quaresma acabou por desaguar numa prática comum da padronização da data da Páscoa com fundamentos no jejum que os cristãos orientais faziam antes da Páscoa e nos batismos pascais, com variações apenas quanto à duração dos atos. Neste contexto, o Mistério Pascal de Jesus Cristo é a ideia central, em especial sua paixão, morte e ressurreição.


Tanabi, fevereiro de 2023.

Prof. Dr.Antonio Caprio - historiador.

Membro da ACILBRAS – Academia de Ciências e Letras do Brasil, sucursal de Votuporanga, cadeira 910 e paster-presidente do IHGG - Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico de S.J.R.Preto.



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

GETÚLIO E O PODER



GETÚLIO DORNELLES VARGAS nasceu em 19 de abril de 1882 em São Borja, Rio Grande do Sul. Era filho de Manoel do Nascimento Vargas e Cândida Dornelles Vargas. Era casado com Darcy Lima Sarmanho. Teve os filhos Lutero, Jandira, Alzira, Manuel e Getúlio Filho. Era advogado. Foi deputado estadual e Deputado Federal. Exerceu no mandato do então presidente Washington Luís, o cargo de Ministro da Fazenda em 1926 e 1927. Foi governador (na época chamado de presidente) do Rio Grande do Sul em 1928.

O Brasil era governado de 1889 a 1930 por uma oligarquia política com projeção de alguns estados. A grande maioria da população era analfabeta(65 a 75%) .Era dominante a política dos excluídos. Vigorava a política do café com leite, revezando na presidência políticos de São Paulo e Minas Gerais. O café paulista era exportado para o mundo todo. Em razão da política era grande a repressão e greves pipocavam por todo o país exigindo melhor política e mais direitos civis. Entre os próprios políticos eram constantes os choques de grupos de oposição ao governo. Os militares se revoltavam com a corrupção eleitoral vigente. O voto feminino não era exercido, embora não proibido. Só votavam eleitores com mais de vinte e um anos e os grandes proprietários rurais. Com isto apenas oitenta por cento da população votava. Não havia a Justiça Eleitoral. Quem comandava as eleições eram os políticos do Poder Executivo e do Poder Legislativo. As fraudes eram constantes e isto revoltava o povo e as forças militares. Dominava o PRP – Partido Republicano Paulista. Campos Sales governava com a minoria. Surge a Aliança Liberal entre os partidos do Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e outros menos influentes. Aumentam a pressão política contra o governo central. Epitácio Pessoa governa de 1919 a 1922. Eclode o movimento dos Tenentes. Em 7 de julho de 1922 três mil homens, civis e militares, formam uma frente antioligarquia. São Paulo fica fora do pacto. Washington Luís tenta acordos com Vargas que se lança candidato a presidente em razão de forte pressão da antialiança.
Ocorre a revolta tenentista a partir da década de vinte e o movimento se espalha pelo Brasil. Em 1924 revoltosos tomam o governo da Capital por 23 dias. Reforça o apoio social. Queriam a derrubada do presidente Arthur Bernardes. Mais de um mil mortos e cerca de 4 mil feridos é o saldo do movimento. Osvaldo Aranha adere aos revoltosos. Nova aliança em 1930.Wasghington Luís lança Júlio Prestes para presidente. Getúlio aceita ser candidato pelo Rio Grande do Sul. O vice de Vargas João Pessoa, é assassinado em Recife. Júlio Prestes que havia vencido a eleição é impedido de assumir. Vargas parte do Sul, de trem e é ovacionado pelo povo em todo o trajeto até a Capital Rio de Janeiro. a assume o governo no Rio de Janeiro apoiado por tropas militares. É o fim da Primeira República. Inicia-se a Era Vargas que iria durar cerca de 15 anos.
 
Nasce um governo autoritário. É criada a Justiça Eleitoral. É instituído o voto feminino, o voto secreto, é dissolvido o Poder Legislativo, nos estados e municípios, Convocou uma Constituinte e promulgou nova constituição em 1934. De 1934 a 1937 vige o governo constitucional. Aos custos são exigidos por estas novas medidas. O poder antiliberal, antissocialista, coincide com o poder de Mussolini, na Itália e de Hitler, na Alemanha. O mundo político estava em total reviravolta. Mas, segundo a nova política, tudo era preciso para que o Brasil retomasse suas propostas de ordem e progresso, imposto pelo republicanismo. Getúlio ficou no poder, até sua morte, em 1954.
 
Prof. Dr. Antonio Caprio – Tanabi - fev/2023. Historiador.
Membro da ACILBRAS – Academia de Artes, Ciências e Letras do Brasil. Sucursal de Votuporanga, cadeira 910 e paster-presidente do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico – IHGG – de S.J.R.Preto.




A GUERRA SULAMERICANA

 




Corria o ano de 1831 e Dom Pedro I abdica ao trono brasileiro. O Filho Dom Pedro II, então com cinco anos fica no país, seguindo-se períodos de regência até que aos quinze anos o então menino se torna Imperador do Brasil. No vizinho Paraguai Solano Lopes, aos dezoito anos se torna general por força do pai. O cenário estava pronto para o conflito mais sangrento da América do Sul. O Paraguai tinha cerca de sessenta mil homens em seu exército e ambicionava uma saída para o mar. Soldados blancos e colorados de digladiavam entre si em busca de um pretenso poder bélico. O Brasil tinha cerca de dezoito mil homens sem treinamentos de guerra. A Bacia Platina era o projeto. Era preciso consolidá-la. Em 1864 Exército paraguaio, tendo à frente Solano Lopes, dá início a um plano de dominação da região e sequestra o governador de Mato Grosso, hoje do Sul, invadindo o Brasil.


Em 1 de maio de 1865 o Brasil reage e recruta forças com a adesão dos “Voluntários da Pátria”. e se associa à Argentina contra o Paraguai. Em 26 de dezembro de 1864 embarcação brasileira navegava pelo rio Paraguai em direção a Cuiabá quando ocorre a invasão de Mato Grosso, hoje do Sul, pelos paraguaios que dura até por volta de 1868. O Brasil havia se posicionado em favor dos colorados e contra os blancos, que eram aliados de Solano Lopes. A razão do antagonismo era os ciúmes das forças entre si. Era o primeiro sinal da guerra mais sangrenta da América do Sul. Solano Lopes encaminha suas forças em direção ao Rio Grande do Sul, para dar apoio aos blancos. Solano invade Corrientes, e isto colocou a Argentina em nível de guerra. Nasce a tríplice Aliança unindo o Brasil, a Argentina e Uruguai. Em 1865 acontece a Batalha do Riachuelo. Advém da crise a maior batalha campal que se tem notícia envolvendo cerca de quarenta mil homens. (Tuiutui). Ocorrem cerca de doze mil mortes. À frente do combate estava o General Osório. O território brasileiro era de difícil acesso dando força às tropas de Solano. Buscou-se um acordo que não aconteceu e acirrou ainda mais o conflito. Dom Pedro II se complicou com seus políticos e favoreceu enormemente o surgimento de notável força em favor da República. O Paraguai estava em vantagem no conflito e rejeitou o acordo. É assassinado o presidente uruguaio, Venâncio Flores em 1868. É deflagrada a batalha de Curupainte que deixa dez mil mortos.


Assume o conflito o brasileiro Duque de Caxias, que reorganiza as forças brasileiras. Em 1868 as tropas brasileiras adentram a capital do Paraguai. Ocorre grandes saques desmoralizando as tropas brasileiras. Caxias se demite. Assume o genro de Dom Pedro II, o Conde D’Eu. Acontece o último conflito – a Batalha de Campo Grande. A cavalaria ataca e persegue Solano Lopes que foge. O conflito se dissolve e deixa um rastro de cerca de setenta mil mortes do lado aliado e afirmam que do lado do Paraguai o número se aproxima de trezentos mil, entre soldados e civis. O Paraguai foi o país que mais sofreu com a guerra. O Brasil, por sua vez, sofreu um duro golpe dos republicanos, acabando por derrubar o II Império, abrindo caminho para a Proclamação da República e o banimento da Família Imperial.


Prof. Dr. Antonio Caprio – Tanabi. Fev/2023.Membro da ACILBRAS – Academia de Artes, Ciências e Letras do Brasil, sucursal de Votuporanga, cadeira 910 e paster-presidente do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico – IHGG – de S.J.R.Preto.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

A ESCRAVIDÃO E SUAS SOMBRAS



A escravidão gerou fortes conflitos em nosso país. Os africanos fazem parte do Continente Africano. São um povo na África. Os africanos eram e são ligados à religião católica e também aos muçulmanos e ortodoxos. Eram inclusive batizados e a Igreja justificava a escravidão afirmando que os negros escravizados estavam resgatando questões ligadas ao pecado original. Portugal precisava de mão de obra para explorar a nova colônia. O recurso foi lançar mão da escravidão, visto que os portugueses eram poucos, menos de dez por cento da população indígena da nova terra. Os primeiros explorados foram os índios, que não se submetiam aos trabalhos exigidos nos engenhos de cana e depois os negros, que alcançaram o elevado número de dois milhões de almas. Muitos morreram nos navios negreiros no mais vergonhoso comércio aqui usado: o tráfico negreiro. Nas lides, a força jovem agia e os mais envelhecidos, não suportando o trabalho e os castigos, fugiam e seu escondiam em quilombos, que foram vários. Palmares se tornou conhecido, sediado na capitania de Pernambuco em 1597, na Serra da
Barriga. Era o arraial de proteção dos negros escravos fugidos do jugo exploratório português.

Os holandeses chegam ao Brasil e atacam os engenhos portugueses, ocupando o nordeste brasileiro e nele permanecem por mais de vinte anos. Com este conflito, e a confusão gerada, os negros mais idosos e mesmo alguns jovens fogem para os quilombos que se multiplicam. São formados conselhos nos quilombos e nascem vários líderes negros, muitos dos quais, lançando-se na política para mais ainda entornar o caldo do processo de escravidão. A política se revigora e novos caminhos são trilhados pelos negros no Brasil. Portugal decide combater os quilombos e as milícias tomam conta de vários pontos do país. Nascem os acordos com os cacaueiros. A Coroa portuguesa contrata e importa mercenários de vários pontos do mundo. Surgem os mercenários e em 1694 os conflitos se generalizam com grandes quantidades de mortos, de ambos os lados.

Morrem mais de sessenta mil pessoas nos conflitos de raça e de domínio pretendido pela coroa. Segundo estatísticas milhares de pessoas morrem no Brasil por ano e 71% são negros ou pardos. O que começa mal, termina mal. O processo não para e dia a dia Portugal, na linha do tempo, perde força em sua outrora dominada colônia. Tentando salvar alguma coisa deste imenso incêndio social, Portugal prepara novos projetos de dominação e resolve se transferir para a colônia em razão das ameaças francesas. O mundo condena o Brasil por sua política escravagista e as leis do ventre livre, dos sexagenários e outros mecanismos, ainda mais geram conflitos pelas ações negligentes dos fazendeiros decadentes e finalmente a Lei Áurea põe fim ao conflito e gera um maior, qual seja, negros libertos, sem rumo e sem esperanças, acabam por se tornar no maior peso político do II Império, acelerando o fim do domínio português abrindo caminho para a República.


Tanabi. Prof. Dr. Antonio Caprio – historiador.
Membro da ACILBRAS - Academia de Ciências e Letras do Brasil - sucursal de Votuporanga, cadeira 910 e paster-presidente do IHGG - S.J.R.Preto.