erá que há paz no mundo? Vinda do latim pax, pode gerar um sentimento positivo ou mesmo negativo. Nossos próceres da língua definem paz como um estado de tranquilidade e até de quietude. Pelo lado do belicismo, paz é a ausência de guerra, de um conflito, de uma discórdia, de um desentendimento, de uma ausência de luta. Um pacto ou um acordo pode gerar a paz, e novamente o latim decide fundamentando que pacto vem de ‘pak’ aglutinando-se com o verbo ‘facere’, ou fazer, gerando o sentido de ação. Fazer um pacto é celebrar um acordo, que pode ser temporário. Tivemos pactos na África em 1994, onde Nelson Mandela e Willem de Klerc assinaram o fim do Apartheid. Outro pacto se deu em 2002 na Serra da Leoa acabando com uma guerra interna que ceifou mais de 75 mil vidas e o corolário se estendeu e continua a se estender no mundo, visto que a paz é uma forma claramente utópica no planeta, onde a própria Bíblia( Genesis) relata a morte de Abel por Caim.
No mundo religioso, podemos dizer que existe a paz eterna, termo criado pelo filósofo Kant no período da Revolução Francesa. Ele entendia que a paz eterna poderia ser entendida como a paz mundial, onde o belicismo entre as nações não passaria de uma palavra capaz de representar os desejos não pacíficos do homem enquanto criado pelo ser superior. Sonhava, o filósofo, com uma ‘república’ mundial.
No meio humano existe a paz pela força, onde um grupo impõe a paz como forma de governo ditatorial, seja ele com o uso de armas ou não. No meio vegetal de uma floresta, por exemplo, existe o belicismo, onde uma árvore maior se impõe sobre as menores e acaba por matar outras espécies evitando que a luz do Sol chegue até elas. Há cipós que sugam a seiva de uma árvore levando-a a morte e morrem, também, por isto. O mimetismo foi ‘criado’ para defesa da vida. E aqui repito a frase inicial: existe a paz no mundo?
O ser humano pode tentar buscar a paz pelo uso da lei, e isto foi dito e pensado por Immanuel Kant. Neste caso a tão buscada paz passa a ser real enquanto em vigor a lei, fortalecendo a ação estatal ou do ditador ou mesmo de um grupo com o poder de mando sobre os demais. No sentido religioso a expressão “a paz esteja convosco” é usada em muitas entidades religiosas do mundo, mesmo nas entidades não cristãs, e embora a expressão seja ritualística, no meio de algumas religiões, há um desejo contrário sendo o ato apenas gestual. Criou-se, em nível mundial, um símbolo representativo da paz, ou seja, uma pomba branca, de asas abertas em pleno voo e de forma paralela, uma bandeira branca, ou mesmo um retalho de tecido branco, brandido por uma vareta vegetal, índicando o pedido, ou o desejo expresso de paz ou a concordância dela. E fica a pergunta: Haverá, no planeta, pelo menos por algumas horas, a paz?
Prof. Dr. Antonio Caprio – Tanabi – pesquisador.
Membro da ACILBRAS – Academia de Artes, Ciências e Letras do Brasil. Sucursal de Votuporanga, cadeira 910 e Presidente do IHGG/S.J.R.Preto.