Mentira: Ato de mentir, impostura,
fraude, peta, potoca, lorota. Engano dos sentimentos ou do espírito; erro,
ilusão. Isto dizem nossos dicionários.
Esta palavra tem causado aos
seres humanos sérios problemas em toda ordem de conhecimento e em todas as suas
lides, em especial quanto à ética, o direito, a filosofia e a religião.
Mentiras se fundaram em um alicerce enorme de conceitos errados num perfeito e constante confronto com a
verdade, definida como aquilo que está de conformidade com o real, coisa verdadeira.
A Ciência define como verdade ‘adequação estabelecida entre aquilo que
representamos e aquilo que percebemos e na conformidade existente entre o que
enunciamos e os princípios lógicos que regem o nosso pensamento’.(
Filosofia- ciência & Vida,p.37,nº70) Para a religião judaico-cristã, a
questão da mentira está solucionada, visto que mentir é um pecado mortal, uma
violação dos direitos divinos. Na Igreja Católica a verdade é vinculada a um ‘dogma de fé’ que ela mesmo interpreta à
sua maneira. Lutero e Calvino caminharam pela trilha da ‘verdade revelada’. Em todas as linhas religiosas a questão da
mentira é tratada no interior das igrejas e não chegam, nem de longe, a um
ligeiro acordo. Os iluministas não admitem tratar a mentira como um dogma de fé
e repudiam a infabilidade papal. Entendem que a questão da mentira deve ser
tratada em termos da ‘Razão’, aceitando parcialmente os ensinamentos de Kant,
Schopenhauer e Constant. Não há o que se falar da mentira sem se aprofundar na
verdade. Platão se perguntava: Se a verdade não pode ser tratada como um
dogma de fé, tal como a mentira, como estabelecer o que é a mentira ?
Millôr Fernandes dizia:
mentimos mesmo quando estamos sozinhos; jamais diga uma mentira que não possa
provar; é inútil apontar alguém como mentiroso. Todo mundo é. (Revista
Veja,5.10.2005). Schopenhauer entendia que o homem injusto é aquele que provoca
algum dano a outrem e um homem injusto é um homem mentiroso visto que ofende ao
princípio justiça/injustiça. Reconhece, contudo, que o homem tem o direito de
mentir nas situações em que uma acusação indevida, intromissiva e indiscreta
nos exponha ao ridículo ou nos traga qualquer dano moral, físico ou material.
Friedrich Nietzsche, tece
conceitos sobre a ‘verdade’ e a ‘mentira’ de forma conceitual e filosófica.
Afirma que ambas as expressões são meras ‘metáforas’- quando a significação da
palavra em que o significado natural é substituído por outra com que tem
relação de semelhança- perguntando: “O que sabe o homem a respeito de si mesmo?
De onde neste mundo viria o impulso à verdade?. Responde : Até mesmo o conceito
rigoroso e frio da matemática é somente resíduo de uma metáfora. Pilatos
perguntou a Cristo: O que é a verdade e não esperou a resposta, voltando a falar
com os judeus, deixando-nos sem a
resposta do Mestre
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