Pelas ruas descalço, roupas carcomidas pelo tempo,
um menino pede pão desejando boas festas.
Feliz Natal!
Na mesma calçada, um homem apressado, com pacotes,
sorriso abundante, feliz com a vida e si mesmo.
Cumprimenta os amigos.
Não vê nem percebe o menino, muito menos suas chagas.
Não vislumbra sua tristeza e nem condição.
Vai para sua reunião de grupo.
Lá, lê o Evangelho que fala da pobreza.
Explica a parábola da obrigação do amor ao semelhante.
Interpreta o texto com perfeição.
Sai. O cristão cumpridor de seu papel volta par casa.
Esbarra novamente com o pedinte. Olha indignado.
Limpa o local do esbarrão com as mãos. Sujeira.
Apressado corre para casa. Lá luzes, amigos e festa.
Mesa farta. Feliz Natal diz. Nasceu o Salvador.
Reafirma o amor como pregou Jesus.
Reúnem-se os familiares. Novamente o Evangelho.
Este pede de novo o amor ao próximo. Novas mensagens.
Todas sobre amor, sobre a paz e fraternidade.
No presépio, o menino estátua fecha os olhos cerâmicos.
Lágrimas brotam da escultura argilosa exclamando:
-Pai, Não foi isto que pedi nem ensinei!
Prof. Dr. Antonio Caprio. Tanabi-sp. Membro da ACILBRAS, sucursal de Votuporanga, cadeira 910 e Conselheiro do Instituto Histórico, Geográfico e Genealógico – IHGG- de S.J.R.Preto.
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