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domingo, 3 de abril de 2011

SOS EDUCAÇÃO

                       A educação pública (e a particular, em quase cem por cento) parece ter chegado ao fundo do poço, embora já venha dizendo isto há mais de vinte anos e principalmente desde quando a parafernália de invenções didático-pedagógicas começou a tomar conta da cúpula responsável pela educação nacional e estadual (paulista). Parece que cada governo disputa com os anteriores quem fica com a taça de maior criador de decretos, portarias, resoluções e até leis no campo educacional, enquanto, na prática, o atual grupo político no poder paulista ergue a taça da criatividade inócua e porque não dizer burra. Quero deixar claro que não estou feliz com a derrocada da educação, pelo contrário, muito pelo contrário.
            O Idesp- Índice de Desenvolvimento Educacional do Estado de São Paulo é um indicador da qualidade das séries iniciais (1ª à 4ª iniciais e das finais – 5ª à 8ª e agora 9ª).  Baseia-se nos exames do Saresp e no fluxo escolar. O Saresp é o Sistema de Avaliação do Rendimento Escolar, que envolve o ensino e a família e gestores escolares, bem como o ensino médio(3ª série). O ano de 2010 apresentou alguma melhoria nos rendimentos escolares, apesar da propaganda enganosa veiculada pela mídia,mas, ainda, indica que estamos muito aquém do mínimo ideal, bastando-se analisar o resultado onde 92% das escolas da antiga oitava série está praticamente reprovada em sua missão de ensinar.Uma escola na região alcançou 6,0 no ensino fundamental e uma 5,25 no ensino médio. As demais praticamente alcançam 3, ou décimos a mais na escala até 10,0.
            O cúmulo acontece: atrelam o bônus do professor ao desempenho da escola. Será que precisa perguntar o que acontece com este sistema medíocre e claramente gerador de falsidade ideológica?
            Sou da época do exame de admissão para a matrícula na quinta série. A coisa era pra valer. As provas vinham da secretaria da educação lacradas e o aluno era submetido a um ‘vestibular sério’. Eram examinados alunos e professores. Se uma série ou classe não ia bem, ficava claro que o professor não cumpriu seu trabalho e não ensinou como devia respeitadas as situações extraordinárias.  Não se pensava em reforço nem em aprovação continuada ou automática. Passava quem sabia de fato e a média era sete (7,0). E não 5,0(cinco) como atualmente. O castigo físico era presente, não discutindo aqui se ele era correto ou não, mas o que se sabe é que a coisa funcionava mesmo. Hoje dizem: o sistema era bom, mas excludente. Havia muitos alunos fora da escola. Balela. Estava na escola quem queria estudar e tinha por trás uma família verdadeiramente interessada na educação dos filhos.A inclusão escolar como está  é outra coisa perigosa.
            A indústria da criatividade continua a todo o vapor. Alegando cumprir a LDB, os gênios educacionais implantaram a progressão continuada, produto da Deliberação CEE 09/97. Filosoficamente lindo o seu conteúdo, mas não para a escola brasileira. Atrelada a esta ‘maravilha’ está o sistema de ciclos. Um terremoto nunca vem sozinho. De continuada se tornou automática, de automática num verdadeiro tsunami envolvendo milhares de seres em formação transformando-os em vítimas da mesma forma como aqueles contaminados pela irradiação atômica sem controle. Morrerão assim sem cura e sem retorno à normalidade mínima no direito de ler, escrever, pensar e representar o que pensam pela escrita ou pela matemática.
            Exercitando a ‘sanha’ em modernizar e gerar estatísticas favoráveis, implantou--se o processo da reclassificação (Res. SE 20/98). Outra pérola inserida no contexto. Mais uma chibatada nas costas do aluno e, por conseguinte, do professor e da educação como um todo. A reclassificação é um mecanismo que consiste em rever e alterar a classificação do aluno, matriculando-o ou transferindo-o para a série mais avançada em relação à anteriormente cursada, observando-se a correspondência idade/série. Mais uma vez a Lei de Diretrizes e Bases (9294/96) é invocada e aplicada a bel prazer. O mecanismo pretendia adequar um aluno à realidade dele, ou seja, tem idade e CONHECIMENTO comprovado vai para a série seguinte mediante avaliação séria; não tendo, pode VOLTAR, como uma espécie de correção de erro passado. A coisa na prática NÃO é assim. As  escolas, mesmo sem previsão regimental, montam processo irreal de provinhas com cartas marcadas e empurram o aluno para a série seguinte e o resto que se dane. Os professores SÃO OBRIGADOS a assinar e dar as notas necessárias. Falta ética, falta seriedade, falta tudo, sobrando a falsidade ideológica que se mostrar latente e perigosa, em especial por quem propõe, por quem participa e pela família que acaba concordando, quando ela que deveria requerer, se o aluno tivesse mesmo condições de galgar série seguinte e corrigir a rota educacional.A reclassificação teve como base uma idéia aceitável, mas na prática se tornou em mais um elo nesta falida massa educacional.
            Os cidadãos, a escola, a família, a sociedade, as autoridades envolvidas no processo educacional, como atores perfeitos, demonstram publicamente perplexidade diante dos índices. Mostram-se surpresos, quando sabem que a coisa ainda está muito mais séria do que se publica.  E o que se faz para se barrar este processo canceroso da decadência educacional em nossas escolas? Quem pagará pela má formação deste exército de crianças que amanhã serão os cidadãos responsáveis por este país? Que futuro nos aguarda comandados por pessoas assim formadas?
            Destaquei três pontos que tornaram o processo educacional num paciente em fase terminal: progressão continuada, promoção automática e reclassificação. São muitos os outros que estão em processo de contaminação grave contra o educando. Não se pode deixar de lado a má formação do professor. Ser professor é um ministério. Deve haver amor pelo que se faz, dedicação e doação em favor do ser em formação que está diante e dependente do profissional da educação. Não se pode fazer do magistério uma função porque não se consegue fazer outra coisa. Isto se agrega ao tumor em formação e o torna maior e mais perigoso ainda.
            Economistas acharam  um meio de minorar a questão inflacionária no país. Será que não vem nunca uma proposta que transforme a educação brasileira em uma esperança, em um novo tempo e naquilo que ela realmente deve ser?

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