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quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

A MULHER E A RELIGIÃO


        É estranha a forma como o homem se comporta, na história, frente à mulher. É constrangedora a maneira como o homem tratou (e ainda trata) a mulher como ser secundário e de ‘uso particular do homem’, relegando o ser feminino a situações que, ao ver moderno, causa revolta e até um certo nível de piedade. A mulher na natureza é uma figura que merece lugar na graça, ou seja, no seu relacionamento claro e merecido com o Criador. O feminino na história da vida é fundamental para a própria continuidade da vida terrestre.
            Na religião esta posição inferior salta a nossos olhos. O livro básico das religiões cristãs, a Bíblia, é um depositário de comportamentos machistas e doentio do homem frente à mulher. No livro Genesis é humilhante a forma como a mulher é retratada. Afirma que Deus criou o homem e a mulher de formas distintas. A mulher provém do varão. Deus deu ao homem supremacia. O varão não provém da mulher, mas a mulher provém do varão (1 Co II: 8, 9, 11,12). Continua afirmando que o marido é a cabeça da mulher (Ef. 5:23) de igual forma que Cristo é a cabeça da Igreja.
            Primeiro, Deus criou o homem, Adão, depois Eva. Narra o Gênesis que Adão não foi enganado, mas a mulher, sendo enganada, caiu em transgressão (1 Tm 2.13,14), estando ai a primeira e mais poderosa advertência contra a mulher. Todos os erros foram partidos da mulher no Livro Gênesis.  A segunda mulher bíblica foi Sara, que teve efêmera participação, e em especial reprodutiva (1 Pd 35,6).  A terceira foi Débora, profetisa e juíza em Israel (Jz 4; 4-10), que se destacou condenando a negligência dos homens. No Novo Testamento a Virgem Maria é agraciada e bendita entre as mulheres; Isabel é citada como a mãe de João Batista e prima de Maria; Ana, idosa viúva com 84 anos é dedicada ao serviço de Deus; Maria, irmã de Lázaro é citada em Mc 14:8 e Maria Madalena tem a honra de transmitir a mensagem da ressurreição de Cristo aos discípulos (Jô 20:17). O resto é silêncio sobre as mulheres.
            Interessante como não é citada nenhuma mulher, como autora, na extensa relação de livros que compõem a Bíblia. Os apóstolos eram homens. “Sete varões de boa reputação, cheios do Espírito Santo e de sabedoria” são os escolhidos para em Atos 6, ‘servir às mesas’. Nenhuma mulher. Afirma o referido livro: “Quando as mulheres saem de seus lugares se transformam em presas especiais do diabo”. Em 1 Coríntios 14, 34,35, se lê “a mulher deve se calar nas igrejas”. À mulher bíblica é atribuída obediência, submissão ao homem e à sociedade.
            São João Damasceno afirmou: “A mulher é filha da falsidade, sentinela do inferno, a inimiga da paz e por causa dela Adão perdeu o Paraíso”; Santo Antonio escreveu: “ a mulher é a fonte do braço do diabo e a sua voz é o chiado da serpente”; São Cipriano completa: “ a mulher é o instrumento de que se utiliza o diabo para ganhar as nossas almas”.  Comentaristas cristãos ensinavam que Deus deu forma a mulher de uma das costelas de Adão. Isto foi necessário porque Adão não pode achar uma ‘adjutora’ dentre os animais que Deus trouxe. (Genesis, 2:20-22). Adão culpa Eva e Eva culpa a serpente (Genesis 3:12-13). “Esposas, sede submissas ao próprio marido como convém ao Senhor” (Efésios 5:22-24).
            O Alcorão Sagrado rege a vida religiosa no Islam (ou Islã). Neste livro não há absolutamente nenhuma diferença entre homens e mulheres. A 4ª Surata An Nissá, versículo 19, diz:“ Harmonizai-vos com elas, pois se a menosprezardes, podereis estar depreciando um ser que Deus dotou de muitas virtudes”. Dirigindo-se a Adão Deus disse: “E tu, Adão, habita com tua esposa o Paraíso” (7ªSurata Al Aaraf, vers. 19 a 23). O profeta Muhammad afirmou: “O mundo e todas as coisas contidas nele são preciosas, mas a coisa mais preciosa do mundo é uma mulher virtuosa”. O Islam considera as mulheres com o espírito e o intelecto igual do homem. A única distinção entre ambos está no aspecto físico, sendo instituída a co-responsabilidade do homem e da mulher em todos os atos humanos. A procura do conhecimento é um dever para todos os muçulmanos. A religião abrâmica é definida pelo Suna, uma espécie de bons exemplos, definidos por Maomé no século VII. Deixa claro que a relação entre o casal é comandada com base em valores morais como o amor, o respeito, a compreensão mútua e a misericórdia.
            Apesar de tantos ensinamentos, a prática foge, em várias situações, ao que determina a lei religiosa. No Sura 2:228, está escrito que os maridos estão em grau acima de suas esposas: o Sura 4:11 diz: o homem pode ganhar o dobro da partilha da herança com relação à mulher: o Sura 4:3: o testemunho da mulher vale metade do testemunho do homem; no Sura 4:3: um homem pode ser polígamo com até 4 esposas. Estas adaptações são de natureza cultural e variam conforme o grupo religioso, gerando extensas agressões entre grupos religiosos e a lei.
            No Budismo antigo e original, a mulher não era citada em nenhuma situação. Buda afirmava que a mulher só alcançaria a salvação se renascesse como homem. No Mahaparinibbana Suta – 5ª citação em 5.9 se lê: “não olhem para as mulheres. Se olhar, tome cuidado e pratiquem a atenção plena”. O tempo correu e Mahaprajapati, tia e mãe de criação de Buda, tornou-se, depois de muita insistência com o Mestre, a primeira monja budista, totalmente limitada às ordens dos homens. No budismo moderno, as mulheres possuem o mesmo potencial que os homens e ambos podem alcançar o estado de Buda (iluminado).
            No livro Vedas, fonte religiosa na Índia, as mulheres tem um ‘status’ de igualdade significativo. Alguns rituais são praticados só por mulheres. Nos fundamentos budistas, o homem (ser humano) é submetido ao desejo (Devas inferiores). Isto faz com que na Índia a questão da sexualidade fique em planos elevados e até religiosos. Segundo o Dr. Luiz Alencar Libório, mestre e doutor em Psicologia da Família, as concepções filosóficas (e culturais) criam discriminações e injustiças. Há uma dicotomia e uma dualidade enorme com relação ao que pensa e sabe o homem ocidental com relação ao oriental.
            No budismo atual não há distinção entre homem e mulher. O Dhama não faz distinção, mas as culturas sim. Na Índia antiga a mulher era vista como imunda e indigna, só servindo para a procriação e satisfação dos desejos masculinos. Hoje mulheres são monjas e têm os mesmos direitos e privilégios que os monges. O que se reverencia no Budismo não é o gênero masculino ou feminino, mas a mente iluminada, capaz de incluir todos os seres na grande ternura da acolhida suprema.
            O espiritismo afirma que o espírito não tem sexo. A vida do espírito é eterna; a do corpo é transitória. Portanto, a igualdade é plena entre homens e mulheres.
            Nestes livros sagrados analisados, a mulher tem papel importante, de uma forma ou de outra. Massacrada e até explorada, em todos os sentidos, a mulher tem buscado se igualar ao homem em seus direitos e deveres, inclusive no campo religioso, com grande e impressionante sucesso, com relação à linha do tempo.  Por que igualar e não superar? Será que a mulher quer se igualar aos homens sabendo do grande volume de erros cometidos por eles no transcorrer dos séculos?
            A única coisa que é mulher não pode e não deve ao buscar se igualar ao homem é se esquecer da importância de continuar a ser feminina e ser gentil, ser meiga e ser mãe. 

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