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quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

SABE COM QUEM ESTÁ FALANDO?

Por Antonio Caprio

Este estudo relaciona-se ao analfabetismo no Brasil e no mundo e caminha pela análise do analfabetismo funcional, que é assustador e deixa estudiosos na área da pedagogia moderna de cabelos em pé, se não são carecas. Mas arrepiados todos ficam.

Segundo a UNESCO, “é uma pessoa funcionalmente analfabeta, aquela que não pode participar das atividades, nas quais a alfabetização é requerida para uma atuação eficaz em seu grupo e comunidade em que lhe permitam também continuar usando a leitura, a escrita e o cálculo a serviço de seu próprio desenvolvimento e do desenvolvimento de sua comunidade”. É ai que a ‘coisa’ pega. 

A Conferência Mundial da Educação para Todos, realizada em 1990, na Tailândia(Jomtiem), fixou 2015 para alcançar 100% de educação primária para todas as crianças do planeta. Sonho, utopia, pesadelo ou brincadeira?. Em nível nacional, a OAB comemora quando o índice de aprovação de seu exame fica em 20% ou 25%. A área médica examina seus médicos e o índice de reprovação supera 50%. No nível médio a reprovação é um fenômeno que já é ‘natural’. Responsáveis se ufanam quando 0s 4% são alcançados. No ensino fundamental a média de aprovação quando chega a 4,5% soltam foguetes e os professores ganham “bônus”. Cursar o nível superior virou coisa obrigatória para todos os jovens de ‘boa família’, e nem sempre estudam o que desejam e sim o que a ‘família’ quer ou o curso que sobrou vaga na universidade. 

O analfabetismo funcional, diz a Wikipédia,’é a incapacidade que uma pessoa demonstra ao não compreender textos simples. Tais pessoas, mesmo capacitadas a decodificar minimamente as letras, geralmente frases, sentenças, textos curtos e os números, não desenvolvem habilidade de interpretação de textos e de fazer operações matemáticas básicas’. (grifo nosso). Segundo o IBOPE, em 2005, cerca de 68% da população foi diagnosticada como analfabeta funcionalmente. Em 2012 o índice superou os 75%. Dos ‘formados’ em curso superior, de 50% a 60% são assim considerados. 

Ai está a resposta do ‘por quê’ de tanta reprovação na OAB e na área médica, por exemplo. Se todos os cursos superiores examinassem seus ‘formandos’ para diplomá-los a coisa iria ficar realmente preta em termos de estatística, digo vermelha, porque esta seria a tinta usada nas estatísticas. O cidadão não é capaz de ler e interpretar um texto. Não sabe ler uma prova e entender o que se pede. Não tem vocabulário para se expressar porque não lê. O hábito da leitura está em linha decrescente em todas as categorias funcionais. Trabalhei por mais de vinte anos no ensino superior( Ciências,Biologia e Matemática). De 1975 para cá passei a receber alunos do supletivo, hoje EJA, projeto Mobral e Educar. Diplomados mas não formados. Habilitados mas sem conhecimento. Licenciaturas plenas e breves, fábricas de diplomas com alta rotatividade, nasceram no governo militar. Os jovens universitários se tornaram em pretensos participantes do ensino superior e seus meandros. Estatísticas gordas para agradar os governos estrangeiros e seus setores educacionais na busca de gordissimos recursos. 

A baixa qualidade de ensino público( e também privado), a falta de estrutura das instituições de ensino, a falta do hábito e interesse de leitura e da matemática básica e o desinteresse pelo curso que o estudante diz fazer, são os grandes responsáveis por tudo isto. Somamos estes números à ação política no país, caminho aberto para o analfabeto político com conseqüências catastróficas. 

O ‘formado com carteirinha’, se submetido a uma acareação pelas linhas da vida, levanta o nariz e, de forma ‘retumbante’, pergunta: você sabe com quem está falando?

Um comentário:

  1. Este texto é a expressão do que percebo há anos no Brasil, e na últimas duas décadas vem se agravando de forma progressiva. Se o meu blog dependesse do público do facebook, por exemplo, já o teria abandonado. O que motiva, é que sabe-se lá o por que? tenho um público fiel nos Estados Unidos, que representa 60% do total de page-views do blog. Parece-me que há um vazio de idéias no país, ou uma mordaça invisível que transforma todos em reverberadores da mídia, com baixíssimo senso crítico. Tem algo de muito errado com o nosso país.

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