por Antonio Caprio
O planeta Terra registra mais de 7 bilhões de seres humanos. Em 1500, quando o Brasil estava sendo oficializado como colônia portuguesa, éramos no mundo cerca de 500 milhões. Consumimos hoje 1,45 quatrilhão de calorias por dia. Em 1500 era 13 trilhões. A população aumentou 14 ve\zes; a produção,240 vezes e o consumo de energia 115 vezes. Estes dados estão no livro “Uma breve história da humanidade Sapiens ”, de Yuval Noah Harari,L&PM editores. Quando aqui chegava Cabral, poucas cidades do mundo tinham mais de 100 mil habitantes. As casas eram construídas em taipa ou madeira e um prédio com 3 andares era um arranha-céu. Quando caia a noite algum archote iluminava as ruas de terra batida cheia de buracos e águas servidas escorrendo a céu aberto. Os ruídos urbanos eram de vozes humanas e de animais.
Nos idos do século XVI nenhum humano havia circundado o planeta e só em 1522 a expedição de Magalhães voltava vitoriosa à Espanha após 3 anos de viagem com 1/3 da tripulação, morrendo a maioria de escorbuto, inclusive Magalhães. Júlio Verne, em 1873, assombrou o mundo com seu ‘ A volta ao mundo em 80 dias’. No tempo de Cabral nenhum humano se soltou da superfície terrestre. O céu era reservado aos pássaros, aos anjos e divindades. Ícaro era a utopia humana. Num salto fantástico o homem pisa na Lua em julho de 1969. Nos 4 bilhões de anos anteriores nenhum organismo havia fugido do poder da atmosfera terrestre.
A vida era desconhecida na grande parte da história humana. Praticamente 99,9% da humanidade não sabia da existência microscópica de seres vivos, só perceptível após 1674 quando Leeuwenhoek transpôs o limite do pequeno. Hoje bactérias servem ao homem no seu domínio da farmacologia e bioquímica. O momento mais notável nos últimos 500 anos foi a explosão do primeiro artefato atômico, em Alamogordo, Novo México, no dia 16 de julho de 1945. Neste momento a humanidade inaugurou seu possível fim. A revolução científica havia nascido. A pesquisa científica foi gerada num parto doloroso. Dali para frente, bilhões de recursos financeiros foram e estão sendo investidos na busca da modernidade no ciclo RECURSOS, PESQUISA, PODER numa relação traumática entre Ciência, Política e Economia.
O homem sempre teve dificuldades em admitir a própria ignorância e incansavelmente busca adquirir novas capacidades colocando como ponto central a Matemática e por complemento a Física, notadamente na questão espacial. A revolução Cognitiva impulsiona tudo, mas, o que realmente é revolucionário é o medo da ignorância. As religiões nasceram da necessidade de um complemento revestido de ETERNIDADE. As lendas se converteram em credos, em dogmas e não há mais como voltar atrás. A Ciência é a mãe da ignorância e a gestora do conhecimento. Tornar uma teoria científica em verdade é o sustentáculo básico convertido em verdade final e absoluta. A cultura atual está disposta a abraçar, e abraça, o conhecimento como um antídoto à ignorância. A ciência moderna não tem dogma, mas tem leis e generalizações. A Ciência interessa aos políticos e ditadores porque é capaz de construir bombas para manter em suas mãos o poder, ou perde-lo.
Nenhum processo humano não foi nem é capaz de abolir a fome, a pobreza, a doença e as guerras no mundo. Nenhuma revolução foi realizada com seus membros de barriga cheia. A pobreza social e a pobreza biológica estão à espreita e mantém bocas abertas e famintas desde os primeiros momentos. A busca da derrota da morte é infindável. A vida eterna é a sustentação das religiões e o eixo da Revolução Científica, embora isso pareça um paradoxo. Vivemos numa era técnica. Parece que tudo está nas mãos dos homens de avental branco e seu preço é elevadíssimo, mesmo diante dos benefícios por ela auferidos. A ideologia justifica os custos das pesquisas. O poder sustenta a Ciência. A Ciência sustenta o sonho da eternidade. As religiões exploram isso.
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