por Antonio Caprio
O
Estado não é ampliação do círculo familiar, diz Sérgio Buarque de Holanda em
seu livro ‘Raízes do Brasil’, Companhia das Letras, p.245 e seguintes, 2016.
Estendo mais que o Estado jamais foi tal extensão, até pelo contrário, visto
que o Estado escraviza o cidadão e o submete ao seu jugo, servindo como muletas
desta escravidão o partidarismo político e o sistema republicano
presidencialista, no caso do Brasil. Ensinam nossos juristas que o indivíduo se
faz cidadão ao nascer vivo, se torna contribuinte, eleitor, elegível, cassavel,
inelegível, recrutável ante às Leis da Cidade e do país, e ao morrer se torna
novamente espoliado, tendo de ser submetido aos rituais instituídos pelos que
comandam o universo religioso e jurídico
que o rodeia.
O
empregador moderno transforma o empregado, o gerador de toda riqueza, em um
mero número inserido num prontuário seco onde a relação humana desaparece e é
útil até quando bem servir. A produção em larga escala fala mais alto e o
sentimento da irresponsabilidade nasceu forte e se mostra forte como nunca no
mundo globalizado. Ninguém sabe o nome de quem produziu o bem consumido e não
há nenhum interesse em conhecê-lo. O que interessa é o produto final e aliado a
esse, o lucro, sonha o acionista.
Os
antigos métodos de educação preconizavam o respeito como base, onde a expressão
“você” era raramente utilizada na relação social e em especial na
familiar. Perdeu-se na linha do tempo a tonalidade cerimoniosa da expressão e
com ela assumiu o controle pleno da ‘desobediência’
à hierarquia necessária e devida em toda sociedade humana e em qualquer grupo
social, notadamente no meio familiar. A Pedagogia moderna incentiva isso
entendendo que a ausência do cerimonial aproxima as pessoas tornando-as mais
agregável, o que é, claramente, o contrário. Ninguém deseja ser igual a
ninguém. O homem cordial de Buarque de Holanda
inexiste.
Hoje
a criança é preparada para desobedecer em especial nos pontos falhos da
educação comunitária, social e política. Contestar é preciso. Pais servem para
serem contestados. Mães para serem contrariadas. Professores para serem
diminuídos. Cargos públicos para serem aproveitados. Política para
enriquecer. O Estado protetor inexiste.
Pais controladores em demasia geram filhos perdidos na trilha social e até
psicopatas em números que não podem ser ignorados. A droga, sob suas variadas
vestes, ai está para comprovar isso. A família patriarcal gerou problemas. A
matriarcal, também. Todo extremo é prejudicial, seja em que grau for. Os estudantes,
nos primeiros graus de ensino, são tutelados pelas mães, em especial nas
tarefas e exigências dos mestres. No ensino superior, perdidos nos imensos
corredores das universidades, não sabem para onde ir e se tornam presas fáceis
dos grupelhos desagregados que existem em todos os meios sociais. E agora,
José?......
Nietzsche
disse com muita propriedade: “Vosso mau amor de vós mesmos vos faz do
isolamento um cativeiro”.
Falou
e disse....
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