por Antonio Caprio
Está em moda a questão da
ideologia. Nosso dicionário nos informa que ideologia é a ‘ciência da formação das ideias’. Anthony Downs, em seu livro ‘Uma
Teoria Econômica da Democracia’ p.117, nos ensina que pode ser definida
ideologia como uma imagem verbal da boa
sociedade e dos principais meios de construir esta sociedade’.
No campo da
Ciência Política a ideologia é vista como meio utilizado pelo poder político
para alcançar seus objetivos e metas. O que atua como força total na busca deste poder é o
‘princípio da incerteza’ empregada pelos partidos políticos para cooptar o voto
do eleitor, incauto ou não. Esta incerteza leva o eleitor a votar por uma ideia
proposta apostando em sua validade, mesmo que esta validade seja verdade apenas para o partido e, por conseguinte,
para os detentores do poder político que aqui chamamos de Governo.
Ainda segundo Downs, para
ganhar votos, todos os partidos são forçados, pela competição, a ser
relativamente honestos e responsáveis em relação tanto às políticas públicas
quanto às ideologias. As discrepâncias e desencontros ideológicos pode levar um
partido a perder o Governo e o entregar de bandeja à oposição.
Já no sentido amplo,
ideologia é aquilo que é ou seria um ideal, objeto de nossa mais alta aspiração,
o modelo sonhado ou identificado como perfeito e ai entram os pensamentos, as
doutrinas, as visões do mundo, tanto pessoais como grupais voltando-se para o
campo social e mesmo políticas. Expoentes como Kar Marx e Antoine Destutt de Tracy trabalharam o termo
ideologia de forma ampla, chegando a dominar, com razoável profundidade, a classe social
dominante em grande parte do mundo. Na Itália tivemos a ideologia fascista, na
Rússia a ideologia comunista, na Grécia Antiga a ideologia democrática, na Europa
a ideologia burguesa defendendo o lucro e o acúmulo de riquezas e linhas
conservadoras, anarquistas e nacionalistas varreram nossa sociedade com
vestígios fortes até hoje.
Modernamente a ideologia da ausência de gênero assume
interessantes níveis definindo que a ideia da sexualidade humana faça parte de
construções sociais e culturais – papéis de gênero - e não mais como fator
biológico. Entende esta linha que o ser humano nasce neutro e, ao longo da
vida, tem o direito de escolher o seu gênero sexual. É a ideologia da ausência
de sexo. Entende que existem ‘outros gêneros além do tradicional masculino e
feminino. Alguns estendem este entendimento quanto à questão religiosa, ficando
o batismo e a crisma cristã no mesmo patamar. Hegel pregava a ideologia como
uma forma de separação da consciência em relação a si mesma.
A socióloga alemã
Gabriele Kuby afirma que a ideologia de gênero é “a mais radical rebelião contra Deus que é possível: o ser humano não
aceita que é criado homem e mulher, e por isso diz: Eu decido! Esta é a minha
liberdade”. Bento XVI, em dezembro de 2012, declarou, numa fala à Cúria
Romana, que o uso do termo ‘gênero’
pressupõe uma nova filosofia da sexualidade. A ideia da ideologia de gênero
nega que a Natureza tenha dado ao homem sua identidade corporal, a qual lhe
serve como elemento definidor do ser humano. Nela a sua natureza e decide que o
gênero (jurídico e social) não é algo que lhes foi dado previamente, mas que é
algo que eles próprios podem construir e conquistar.
Coisas dos tempos
modernos. Coisas da Filosofia. Coisas nossas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário