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sábado, 23 de setembro de 2017

TEMPO E MUDANÇAS



O tempo é um enigma, bem o sabemos e o sabe a Ciência. A Filosofia passa de raspão sobre ele e a Teologia não o enfrenta. Um instante é um lapso de tempo que tem de ser medido com início e fim. Tem de ser medido porque sem isto ele não existe, pois tempo e espaço coexistem numa só peça, mesmo que imaginária.

Nesta linha do tempo, resolvi dar uma volta por ruas antigas da cidade e fiquei intrigado pela ideia da temporaneidade e da continuidade. Passei por varandas, alpendres, calçadas, janelões, janelinhas, bares e revi, na memória, como os prédios, as residências, os jardins se modificaram num lapso de tempo que não excede muito mais de vinte anos. Fiquei perplexo em observar que os rostos que por ali vi e cumprimentei e fui cumprimentado se modificaram, se transmudaram, foram substituídos e alguns poucos, ainda ali permanecem, porém, com um aspecto físico totalmente diferente de ‘ontem’. Outros, e muitos outros, são novos rostos e pessoas totalmente diferentes.

Alguns, observei, se recolheram sob a força da ação do tempo, no que diz respeito ao espaço, a idade. Nas cadeiras de balanço, nos sofás, nas camas, no silêncio tedioso do tempo, à espera dos remédios que intoxicam os outrora jovens, já não andam porque as pernas não mais lhe obedecem, a coluna doe, o andar é penoso e isto vai forçando, cada um, a um desaparecimento parecendo assemelhado à névoa da manhã fria com a chegada do Sol.

Este fenômeno, percebi, é o criador da substituição da comunidade num processo interessante, continuado e que foge a qualquer ação da Ciência. A Filosofia, a Sociologia, tentam explicar estas substituições. A Teosofia acha que o explica, mas não, este fenômeno é altamente provocativo na busca de explicações que são normais dentro da escalada humana desde a fecundação do óvulo ao último momento do conjunto vivo. O ser nasce, cresce, se reproduz e....morre, mas antes as substituições se evidenciam e as faces, os corpos dos que habitam as casas, os casarões, as calçadas, os bares, as ruas já não são mais os de ontem e amanhã, também, serão diferentes. Nestes anos a cidade mudou, as famílias mudaram e tudo se transmudou e eu consegui ver este processo como num filme preto e branco, e mudo.

O tempo flui na linha do espaço numa escala criada pelo homem. Nada permanece como se originou. Movimento eterno dos átomos e das moléculas, diz a Física. A transformação rege tudo e isto assusta, como me assustou em minha caminhada. Sei que é natural, e isto me assusta mais ainda.

Numa lapide esquecida: fui o que tu és, e tu serás o que sou....

E o pior é que é.

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