O tempo não existe. É uma utopia humana. O tempo sem espaço é
ficção. O inverso é verdadeiro. Só o homem tem noção e interpreta o tempo numa linha do espaço ou o espaço numa linha do tempo.
O ser humano criou o calendário para instalar nele o tempo e o espaço. Apenas o homem tem noção do ontem, do hoje e do amanhã, três figuras imaginativas e inconsistentes, já que o passado existiu, o presente ‘parece’ existir e o futuro, poderá existir, e num estalar de dedos tudo se torna em apenas retórica de linguagem.
O agora é fruto de uma opção. Se está acontecendo é um ‘agora’ absoluto. Se faz parte do seu espaço de tempo chamado hora, minuto ou segundo, é relativo. Quando o ‘agora’ acontece ele não chega a existir para se tornar passado, daí tê-lo classificado apenas em termos de hora, minuto e segundo. Não dura mais que um breve instante.
O passado é imutável. O futuro é previsível, mas tão inconsistente como o próprio agora. Portanto, o tempo e o espaço não sobrevivem separadamente. O tempo precisa do espaço e este não subsiste sem o tempo. E nisto tudo só o homem é dotado de entendimento e compreensão bem como o uso do tempo e do espaço, a quem denominou calendário.
O homem criou o tempo e estabeleceu como sua alma o espaço. Dizem que Deus não sofre a ação deste duo paradoxal e por isso é eterno. Não sendo submisso ao espaço não há o que se falar, com relação a Deus, em tempo.
O homem registrou o tempo que a Terra percorre um espaço em torno do Sol. São exatos 365 d, 5h, 48m, 45s. Dividiu isto em doze meses e nasceu o mês, igual a 29d, 12h, 44m, 02s e dividindo este por trinta chegou ao dia, igual a 23h, 56, 04s. Escravo da matemática, se submeteu ao movimento dos astros para definir seu tempo de vida e do uso do tempo em sua existência e dos seus semelhantes. Embora não exista nem espaço nem tempo, estes, com uma força colossal, subjuga o homem em sua trajetória imaginária num tempo e num espaço.
Descobriu que o ‘eixo’ da Terra está inclinado com relação ao Sol em 23º e 27’. Entendeu daí porque a cada três meses o ‘tempo’ é diferente e nasceram as estações do ano. De novo o tempo e o espaço a lhe atormentar e responder às suas inquietantes perguntas. Primavera, de 23 de setembro a 21 de dezembro; verão, de 21 de dezembro a 21 de março, outono, de 21 de março a 21 de junho e inverno, de 21 de junho a 23 de setembro, no hemisfério sul. E em breve, a primavera faz com que as flores, milagrosamente, surjam, se convertam em frutos no verão, e, em outono as sementes se consolidam no milagre da continuidade da vida. No inverno se renovam para tudo recomeçar em breve. O corpo é a flor, mas a alma é a primavera, diz o poeta.
E, se não há o tempo nem o espaço, por que a natureza responde a este duo inseparável?
O espaço segue as ordens do tempo, mas, o tempo jamais se curva à vontade do espaço.
O tempo, porém, rege a vida em todos os seus sentidos. O espaço é o trilho por onde o tempo parece acontecer. O tempo e o espaço embora pareçam separados só existem juntos e juntos, não existem.
Paradoxos?
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