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segunda-feira, 27 de março de 2023

DEMOCRACIA, UTOPIA OU FICÇÃO?


(crônica)
Lendo aqui e ali e escrevendo, em algumas vezes encontramos textos ou artigos
que nos encantam pela simplicidade e objetividade, bem como um realismo que
transcende a qualquer amontoado de palavras. Rubens Alves é um destes estudiosos que
merece destaque. Seu livro ‘Desfiz 75 anos’ da ed.Papirus, 2009, traz um artigo
denominado ‘ Lições de Política’, que, resumidamente diz: em razão da democracia, os
cidadãos escolhem seus representantes nas três esferas de governo por meio de votos.
Atenas fazia assim há um bom tempo. O sistema de voto representativo lembra nossa
Atenas. Desta forma, eleito um vereador, um deputado, um senador, um prefeito, um
governador, um presidente, estes abrem mão de seus interesses para cuidar apenas dos
interesses do povo que eles representam. É assim na teoria.
Na prática, as raposas, devotas de são Francisco, sabem que é dando que se
recebe. Assim, movidas por esse ideal espiritual, elas dão muito milho para as galinhas.
As galinhas, interesseiras e tolas, tomam esse gesto das raposas como expressão de
amizade. A abundância do milho as faz confiar nas raposas. E como expressão da sua
confiança nascida do milho, elas elegem as raposas como suas representantes. Eleitas
por voto democrático, às raposas é dado o direito de fazer as leis que regularão o
comportamento das galinhas.
As leis que regem o comportamento das raposas não são as mesmas que regem o
comportamento das galinhas. Sendo representantes do povo, precisam de proteção
especial. Essa proteção tem o nome de ‘privilégios’, isto é, leis privadas que se aplicam
aos poucos especiais. Privilégio é assim: raposa julga galinha. Mas galinha não julga
raposa. Raposa julga raposa. Logo, raposa absolve raposa.
Na democracia todos os cidadãos são livres e têm o direito de exercer a sua
liberdade. As galinhas são vegetarianas e têm direito de comer milho. As raposas são
carnívoras e têm o direito de comer as galinhas. A vontade das galinhas, ainda que seja
a vontade de todas as galinhas, não tem valia. Vontade de galinha solitária só serve para
escolher seus representantes. A vontade que tem poder é a das raposas.
Permanece a sabedoria secular de santo Agostinho, que diz: tudo começa com
uma quadrilha de tipos fora da lei – criminosos, ladrões, corruptos, doleiros, burladores
do fisco, mafiosos, mentirosos, traficantes. Se essa quadrilha de criminosos se expande,
aumenta em número, toma posse de lugar, de cargos, de ministérios, da presidência de
empresas e fica poderosa a ponto de dominar e intimidar os cidadãos, estabelecendo
suas leis sobre como repartir a corrupção, e então ela deixa de ser chamada de quadrilha
e passa a ser chamada de Estado. Não por ter-se tornado justa, mas porque aos seus
crimes se agregou a impunidade.
O livro de George Orwell (Eric Blair), A Revolução dos Bichos( Animal Farm),
publicado em 1945,não diz diferente o mesmo assunto e há muito tempo. Os jornais

repetem esta situação de forma cotidiana. Isto nos força a afirmar que a democracia é
uma das formas mais perfeitas da regulação entre os homens, mas, pode tornar o homem
mais escravo do que os métodos instituídos pelos mais perversos sistemas de
dominação.

Tanabi, março de 2023
Prof. Antonio Caprio
Analista político, escritor e membro do IHGG – Rio Preto. Membro da
ACILBRAS – Academia de Ciências, Letras e Artes – Sucursal de Votuporanga –
cadeira 910.

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